Sou uma socialista tão convicta que até acho que única coisa de jeito que o PNS fez foi deixar o RAP com cara de pau. Menos, meu caro.
Se conseguires tirar as palas da direita, vai informar-te sobre as USF modelo C, por exemplo. Ou então sobre as ideias estapafúrdias da senhora ministra para os concursos para colocação de médicos recém especialistas no SNS, que só contribuem para os afugentar. Talvez te surpreendas. De direita ou de esquerda, estamos todos a ver o barco a afundar lentamente há anos, esta senhora só está a ajudar a acelerar o processo.
Palas de direita, hehehe. Boa assunção, caríssima.
O processo já está em marcha há anos, e esta senhora não tem feito rigorosamente nada para o melhorar nem para o piorar. O termo a aplicar é mesmo este: inação. A demissão era para ontem, dada a responsabilidade política inequívoca no caso do INEM.
As USF Modelo C são um modelo tão de direita que o primeiro partido a trazê-las para a luz da ribalta foi o PS, no tempo do Guterres. A concreta efetivação jurídica dessa ideia foi feita no tempo do Sócrates. Guterres e Sócrates, dois direitolas sobejamente conhecidos (já sei que vem daí a questão do referendo ao aborto).
O problema da implementação das USF modelo C não está nas idiossincrasias desse modelo, mas sim na falta de profissionais de saúde - imbróglio, por sua vez, mormente assente na falta de condições no SNS. Daí resulta que essa "novidade" deste governo nada mais é que atirar areia para os olhos, uma vez que não resolve o problema de raiz.
Está mais que provado que PPP bem-feitas são uma mais-valia. O grande mal está na execução defeituosa desses planos, que costumam ter como base o benefício de amigos e camaradas/companheiros de partidos e não um incremento na vida das pessoas. E, como é óbvio, não serão PPP que solucionarão defeitos em áreas periclitantes.
Sobre PPP na saúde, ver, p.e., o Hospital de Braga (quando ainda era PPP).
Sobre péssimas PPP, ver os exemplos nos setores rodoviário e aeroportuário.
Sobre boas PPP, ver os exemplos da Metro do Porto, S.A., e do Oceanário de Lisboa.
NOTA: uma privatização do SNS é impossível. É um imperativo constitucional. De todo modo, a passagem de uma EPE para uma SA não configura uma privatização na aceção possuída pela maior parte das pessoas. Essa transformação dá-se sobretudo por uma questão do regime legal aplicável, que permite uma maior margem de manobra no que concerne à gestão. Uma SA sob influência pública dominante continuará a pertencer ao setor público.