Estreia europeia no Círculo Polar Ártico
FC Porto mede forças com o Bodø/Glimt a partir das 17h45
Nas margens do fiorde Saltfjorden, a 16 horas de carro de Oslo, situa-se uma das Capitais Europeias da Cultura 2024 e a casa do clube mais nortenho a vencer uma liga do Velho Continente: o Bodø/Glimt, o conjunto detentor do título norueguês e adversário do FC Porto na estreia europeia.
A partir das 17h45, no Aspmyra Stadion e na Sport TV, os cabeças de série defrontam um adversário do pote 3 na primeira das oito jornadas da renovada Liga Europa. O treinador dos nórdicos descreveu o FC Porto como “uma equipa muito intensa, de alto nível e de Liga dos Campeões”. “O seu estilo, a sua identidade. São muito diretos. Têm muito poder como atacam, mas também como defendem”, detalhou Kjetil Knutsen na véspera de defrontar “talvez a equipa mais forte” da carreira.
“É um grande desafio para nós, mas estamos ansiosos. Somos uma equipa de uma pequena cidade no Norte da Noruega e jogar contra equipas de topo como o FC Porto é espetacular para nós. Vamos estar prontos para o jogo”, acrescentou o herói da “horda amarela”, a alcunha dos adeptos famosos por levarem gigantescas escovas de dentes dessa cor para todos os jogos.
Fundada em 1916 apenas com a designação de Glimt (“relâmpago”, em português) por um futebolista e esquiador local, a instituição atravessou graves dificuldades financeiras e mudou de nome em 1948 para evitar confusões com outro emblema de Trøndelag. Durante as primeiras décadas de vida, disputou apenas competições regionais, mas a chegada de Knutsen viria a revolucionar a história do clube.
Desde então os atletas passaram adotar um estilo de jogo ofensivo, rápido e coletivo - que rapidamente deu frutos - e a frequentar sessões individuais e em grupo. Quando sofrem um golo ou atravessam um mau momento é norma irem falar com o mental coach para superarem as adversidades. Além disso, fazem meditação e ioga antes dos treinos. Com isso, a equipa tornou-se um grupo de amigos que passa horas no banho turco e que adora de mergulhar no gélido Mar da Noruega.
A sabedoria do timoneiro guiou o Bodø/Glimt à conquista do campeonato de forma inédita e avassaladora em 2020, batendo o recorde de pontos (terminando com 19 de avanço sobre o Molde) e de golos marcados - um motivo de enorme orgulho para uma região historicamente sub-representada no futebol norueguês.
O bicampeonato conseguido no ano seguinte não satisfez os nortenhos, que realizaram uma campanha notável na Liga Conferência de 2021/22 e golearam a AS Roma de José Mourinho, por 6-1, no caminho rumo aos quartos de final. O terceiro título nacional em quatro anos consolidou a hegemonia do emblema sediado no Aspmyra Stadion, recinto inaugurado em 1966 com um relvado artificial e capacidade para 8.270 espetadores.
No aeroporto de Bodø, a escassas centenas de metros desse anfiteatro, aterrou uma
comitiva de 27 jogadores comandados por um técnico decidido a “olhar para o adversário de forma desconfiada” e a “atacar a competição com total sentido de responsabilidade, muito compromisso e ambição”.
No arranque de “uma competição exigente num formato diferente”, Vítor Bruno explica que “não será feita uma revolução no onze, mas é provável que haja alguma rotação” e pede aos atletas convocados que se apresentem “firmes, fortes, coesos, disciplinados, organizados e intensos” para “atacar a competição com total sentido de responsabilidade, muito compromisso e ambição”.
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