Fazendo um pouco de pedagogia...
A equipa B é um caso atípico na estrutura de futebol do FC Porto. O seu único objectivo desportivo é não descer. Ficar em 1º ou em 15º é a mesma coisa. Não sobe e não desce. Certo que quanto mais para cima, mais confiantes estamos de haver talento na equipa. Mas já tivemos uma equipa que venceu este campeonato e não foi por isso que cedeu muitos jogadores que se afirmaram na equipa principal do FC Porto. Tirando o André Silva, julgo que o jogador que a seguir mais jogos terá feito na equipa principal do FC Porto foi o Bruno Costa...tudo dito...
Os adeptos do FC Porto, felizmente, querem sempre o FC Porto em 1º. Se na equipa sénior isso nem se coloca em questão, basta ver como AVB assumiu esta ambição colectiva, dizendo que o título é o objectivo, mesmo sabendo das enormes dificuldades e trapaças deixadas pela anterior cleptocracia. Se nas equipas de formação é coerente pensar assim, pois é saudável formar a ganhar, é importante para a afirmação externa do clube e dos jogadores e estão inseridas em competições da sua faixa etária, o mesmo não acontece na B.
A equipa B não está numa liga revelação. Não joga contra equipas da sua faixa etária. Pode enfrentar equipas de jogadores com mais 10 anos, com experiência de primeira liga e campeonatos estrangeiros.
Vejo uma exigência desmedida perante os condicionalismos desportivos que esta equipa tem. E ainda bem que os tem. Perceber, primeiro, que é preciso mudar a mentalidade. Vamos ver potencial versus jogadores feitos. Talento versus maturidade.
Não vi os jogos anteriores, mas fiquei agradavelmente satisfeito com este, presumindo que a equipa vá evoluir e que o mercado fecha em uma semana.
O Académico é claramente uma equipa insuflada por um investimento artificial. O FC Porto jogou melhor, criou mais mas foi, naturalmente, mais inocente.
Numa curta análise ao jogo, e não procurando bodes expiatórios, acho que chega a hora do Rodrigo Fernandes se sentar no banco e pensar o que quer fazer da vida. O jogador mais velho da equipa e o mais experiente, não pode ser o mais inocente e o mais falível. Está naquela idade em que é jogador da bola ou tem que fazer outra coisa. Continuar a fazer dois bons jogos, três razoáveis e 3 medonhos, não pode ser. Este ciclo tem que terminar. E não tenho como base o erro individual no 2º golo. Gritante, é um facto, mas um corolário de um jogo risível.
Gostei dos centrais. E atenção, levaram com um PdL que é um animal para este escalão.
Nas laterais, acho que esta nova posição é boa para o crescimento do Filipe Sousa enquanto central, mas prejudica a equipa. O Dinis ali, mesmo não sendo tão sólido a defender, dá outra acutilância. Mas lá está. É uma incubadora. Prejudica-se a equipa para fazer crescer um jogador. Está errado? No FC Porto B, não. No Académico de Viseu, sim! É a diferença.
O meio campo grita por alguém com outras capacidades e com outra vontade, já expliquei as minhas razões acima. Como referi, não vi os jogos anteriores, não sei se o André Oliveira mostrou corresponder, mas felizmente, há ele e outras soluções.
No ataque, os extremos não estiveram inspirados. Ainda assim, é verdade, não é a posição ideal para o Gonçalo Sousa, espero mais dele. Não é a sua posição favorita, o meio campo não carburou como devia, mas de um talento procura-se luz e não ocaso. E é bom meter esta pressão no Gonçalo, pois é um talento extraordinário. Tem que aparecer nos jogos. Mesmo com um Académico turbinado. O seu talento exige isso.
Anha versus Mota, nem há discussão. Registo o esforço do Mota, mas o Anha é outro campeonato.