Quando o regime vendeu o João Neves eu escrevi aqui que, apesar os valores, não considerava uma boa venda. Agora, neste negócio do Evanilson, acho que foi um bom negócio. Pode parecer um contrassenso, por isso passo a explicar:
- A situação financeira do regime é diferente da nossa. Não é que adira à tese da "pujança financeira" do clube de lisboa, mas é claro que a anterior direção deixou-nos na penúria e isso obviamente traduz-se em fraca capacidade de negociação. Um clube numa situação financeira débil está mais tentado a aceitar propostas piores e, os clubes compradores, também jogam com isso - aliás, acho que esse foi um dos motivos de ainda não termos vendido nenhum jogador relevante até hoje;
- Os jogadores são diferentes e tinham um impacto diferente nas suas respetivas equipas. O João Neves era o motor daquela equipa. Como se diz na gíria, o rapaz tem "muito andamento". Apesar de gostar muito do Evanilson e achar que foi vítima do sistema de jogo, a verdade é que ficou aquém do seu potencial e não demonstrou ser um jogador insubstituível. Para além disso, o João Neves tem 19 anos e o Evanilson 24. Era muito provável que o regime pudesse continuar a extrair rendimento desportivo do jogador mais umas épocas até o vender sem que, com isso, ele fosse desvalorizar. No caso do Evanilson é um pouco diferente. O risco de ele desvalorizar, mesmo mantendo o rendimento desportivo, não é negligenciável.
- O clube "pujante" pagou 10% do valor total da venda do jogador em comissões. O clube na penúria pagou 0!.
Portanto, os 42M + 5M (segundo li, 5M são praticamente garantidos por isso vou já considera-los no valor inicial) configuram, na minha opinião, uma boa venda e a direção está de parabéns por ter gerido este mercado com nervos de aço.
Outras notas positivas que importa ressalvar:
- Os 10% da próxima venda - julgo que é da próxima venda e não mais valias -, face à idade do jogador, quase de certeza que vão se traduzir em mais milhões. Resta saber se 1-2M, caso o jogador não se adapte, ou até 10M caso ele atinja todo o seu pontecial. O facto de ter ido para um clube de segunda linha na inglaterra torna a venda muito provável caso atinja um grande nível;
- Não pagamos comissões! Isto marca uma enorme diferença para a anterior direção. De comissão em comissão, fomos cavando o nosso buraco enquanto outros foram enriquecendo à nossa custa;
- Esta venda dá um sinal importantíssimo ao mercado. Não só já não estamos com a corda ao pescoço - pelo menos já não está tão apertada -, como mostramos que não vendemos mesmo ao desbarato. Querem os nossos jogadores? Então paguem o que eles valem!