O problema é que cada vez mais vais ter esse tipo de "adeptos" que passam mais tempo no telemovel que a olhar para o relvado. É geracional até...
E a tentação vai passar por transformar o jogo num show para poder atrair gente. Em todo o lado.
É uma tentação que as instâncias que gerem o futebol têm de evitar.
A audiência aumentou muito nos últimos anos fruto do acesso ao futebol. Hoje, não há jogo nenhum que não consigamos ver seja de forma legal ou através da InácioTV. Isso fez com que os valores dos direitos televisivos aumentasse e, consequentemente (e bem porque são eles os artistas), os vencimentos dos jogadores atingissem valores que há 2 décadas atrás seriam impensáveis.
Mas também há os fãs "bandwagoners". Fãs que seguem o futebol por ser trend e dar likes nas redes sociais.
Compreendo que a FIFA e UEFA tente capitalizar esse cliente mas não acho que deva ponderar mudar as "regras" do futebol para cativar esse mercado pois são clientes efémeros.
Hoje estão todos virados para o futebol mas se amanhã o que der seguidores no tiktok for o críquete vão todos para lá.
Acho perfeitamente natural que se criem ligas como aquela do Pique que explora esse mercado. Faz do futebol um reality show e tiram dividendos disso. Mas mexer no futebol tradicional para agradar a esse mercado seria uma estupidez sem memória. A longo prazo iam perder mais do que ganhar.
Tenho o exemplo duns primos que atestam isso.
Por alturas da época de F1 que sucedeu ao épico final de Abu Dhabi, estava na casa da minha irmã a celebrar o aniversário dum sobrinho a jogar F1 com os miúdos e uma prima e o namorado, surpreendentemente (pois nunca lhes conheci essa faceta de amantes de desporto em geral quanto mais de algo tão específico como automobilismo), estavam interessados a ver-me a espalhar magia no simulador e a falar sobre a nova época.
Perguntei como é que se tinham tornado fãs de F1 e eles disseram que foi de ver a série da Netflix.
No passado mês de Julho, voltamo-nos a cruzar nas mesmas condições na casa da minha irmã, eu estava a experimentar o novo F1, e eles nem esboçaram uma reacção. Perguntei o que estavam a achar da nova temporada e a resposta foi "não tenho seguido".
Ou seja, fãs do momento. Tiveram um interesse anormal fruto da trend que se viveu naquela altura e com a mesma rapidez que se tornaram "especialistas da matéria" também o deixaram do ser mal deixou de ser moda.
Resumindo, há muito fã de ocasião. Alguns acabarão por se fidelizar à modalidade mas uma grande fatia salta de um lado para o outro conforme estiver o vento.
Não faz sentido andar a adaptar o futebol ou qualquer outra modalidade a este mercado.