Resumindo, que balanço se faz da participação de Portugal?
Apesar de parecer, sem juízos de valor, em 4 medalhas, uma medalha de um cubano de nascimento e 2 medalhas de um rapaz que corre em Espanha e outro nos UAE é melhor/pior do que uma medalha de um cubano de nascimento e uma medalha de um são-tomense de nascimento em 4?
Será que Portugal, enquanto país, sabe o que pretende para uma participação em Jogos Olímpicos?
É possível qualificar a prestação como bem sucedida (superar o número de medalhas previstas e, quase, igualar o número de diplomas), mesmo que se falhem as modalidades e os atletas identificados, previamente, como medalháveis?
O número de competidores - 73 - é adequado para um país com a dimensão (e investimento) de Portugal? Seria preferível, por exemplo, ter menos competidores e um maior investimento nos "medalháveis"?
Para enquadrar estas questões, recebi um texto deveras engraçado, há uns tempos, sobre a forma como os espanhóis olham para o seu desporto. Os mais novos identificam Espanha como uma potência desportiva, um exemplo de excelência em diversas modalidades colectivas e individuais, incluindo os mais mediáticos como a NBA, a F1, ou o futebol. Mas, os mais velhos, apenas conheciam relatos do "gol de Marcelino", sucessos no ténis, medalhas na vela, no hipismo e na pelota basca (mais um desporto que seria bonito rever nos jogos olímpicos...), ou seja, um curriculum olímpico com muitos pontos de contacto com o que era Portugal! Alguns números...
Até 1992, Espanha tem 5 medalhas de ouro, 26 medalhas ... Portugal tem 2 medalhas de ouro, 11 medalhas...
Depois de 1992, Espanha tem 48 medalhas de ouro, 161 medalhas ... Portugal tem 4 medalhas de ouro, 15 medalhas...
Sim, é verdade que Espanha tem o quintúplo das "obrigações" de Portugal...
Sim, é verdade que Portugal tem 2 jogos seguidos em que consegue duplicar a média de 2 medalhas, desde 1984, com excepção de 1992...
Ainda assim, com um modelo de desenvolvimento tão bem-sucedido (Barcelona '92) e tão próximo de nós... não era preciso ganhar tudo o que Espanha ganha... bastaria competir e ser capaz de abrir horizontes à população... tornar o país eclético!
Depois, lembramos aquele velho cliché... um país que é dominante (a dois) numa única modalidade (que, é certo, ninguém, no mundo, joga...), é incapaz de colocar uns patins (...de 4 rodas) ... nos seus miúdos...
Daqui a 4 anos, repetimos a conversa...