Um gajo que ganhe o Tour 5 vezes será sempre lembrado mas o Vingegaard dificilmente ficará relembrado ao nível do Pogacar
Do Remco já é diferente porque não tem o palmarés, ainda
Mas também não me parece que ele esteja preocupado com isso
Está ali para seguir as ordens da equipa que faz o trabalho de casa todo, traz as táticas todas de casa e os ciclistas é só pedalar
É uma forma diferente de ciclismo
Um gajo que ganha 5 tours fica com o nome gravado na história. Mas quantas vezes já te viste naquele exercício mental de lembrar o clube dos 5 tours? "Merckx, Indurain, Hinault e qual é o outro? O Anquetil! Exactamente."
Eu já me vi algumas vezes nisso.
É certo que não são meus contemporâneos (excepto o Indurain) mas o legado é mesmo isso. Ser lembrado por quem nos os viu.
O Vingegaard é um extraordinário voltista mas não é entusiasmante. Não proporciona espectáculo a quem assiste ciclismo pelo prazer que a modalidade proporciona.
Eu sou fã de ciclismo de há muitos anos. E como quase todos, as grandes voltas, nomeadamente o Tour, eram a minha prova favorita.
Mas este pragmatismo levou a que as provas de 3 semanas perdessem interesse, na minha óptica, pois tornou-se tudo muito calculista.
Equipas fortes a levar o líder quase até à meta não havendo praticamente espaço para ataques.
Isso fez-me (e ainda bem!) valorizar mais as clássicas onde o anarquismo está mais presente (não há cá comboios) e o espectáculo é garantido.
Felizmente, os últimos anos trouxeram Pogačar e Remco. Dois ciclistas que vieram quebrar com os cânones vigentes.
Atacam quando têm de atacar. Não se limitam a usufruir dos fortes blocos até aos últimos 3km. Se tiverem de arrancar no sopé do Mont Ventoux eles arrancam. E é essa atitude que faz história.
Por isso é que falamos com mais saudade do Contador do que o Froome, por exemplo.
E não porque o Froome não fosse um extraordinário ciclista. Era e volta e meia fazia das suas (lembro aquela etapa na Vuelta que roubou a vitória final ao Dumoulin???) mas o Contador proporcionava outro espectáculo.