Tudo isso tem muito mais nunance do que o que parece.Se percebes assim tanto de ciclismo sabes que são épocas completamente diferentes. O ciclismo hoje está muito mais especializado. Ciclistas que se focam em determinada vertente e trabalham-no até ao limite. Não acredito que, hoje em dia, o Mercx conseguisse ser o melhor em todas as vertentes (trepador, ITT; classicas etc). Para além disso, o mundo está muito mais globalizado e a concorrência é incomparavelmente maior.
Em termos de palmares, duvido que o Pogacar chegue a um Mercx, mas, no meu entendimento, o esloveno tem ainda melhor genética/talento do que o belga.
A última frase é altamente discutível. Só os cálculos com base no hour record dele dá um FTP (a treshold) de percentil 99 - 6.2/6.3 w/kg em linha com o esloveno ou superior. O mesmo para o vo2max.
Isto sem acesso aos, chamemo-lhes, "avanços" tecnológicos e de nutrição dos dias do EPO ou do pós-EPO. Dito isto, comparações entre eras e em todo e qualquer desporto só devem ser feitas de forma relativa, não absoluta, porque o tempo anda numa direção apenas, assim como a tecnologia e a ciência. O quão outlier era um na sua era, e o quão outlier é outro na sua. Merckx é um outlier muito superior em relação à pool competitiva e esse (juntamente com o que daí advém, que são as conquistas e uma hegemonia esmagadora) é o maior argumento que alguém pode ter neste tipo de exercício, na minha visão. E a pool da década de 70 (com muitos que viriam a ser figura na década de 80) não é a da década de 30, 40 ou 50, onde este tipo de raciocínio cai pela escassez de praticamente tudo, incluindo profissionalização, treino e equipamento.
Entrar no exercício - "o que faria Merckx hoje" é infrutífero e não serve propósito algum. A minha forma de pensar nisto tem sempre base relativa.