Posso concluir das tuas questões que transpondo esse teu raciocínio para a política:
Só deve votar PS quem considerar que o país está pujante e sem problemas graves a resolver?
Os potenciais votantes da AD/IL/Chega e demais forças partidarias andarão a delirar se não houver problemas para resolver?
Se houver problemas importantes a resolver o normal é que não se vote no poder?
Caso existam problemas a resolver, se a ala direita conquistar o poder deverá merecer uma compreensão especial no seu primeiro mandato uma vez que quem tem problemas sérios a resolver deixados por outros tem que ter uma maior tolerância?
Eu não estou a defender voto político no poder ou na oposição.
Queria apenas perceber a consistência do teu raciocínio.
O problema começa logo aí, querer transpor esse raciocínio para a politica..a não ser que aches que são coisas comparáveis claro, mas vou tentar responder a tudo.
Não, acho que não deve votar PS apenas quem considerar que o país está pujante e sem problemas graves a resolver.
Acho que deve, se quiser como é obvio, votar PS quem achar/acreditar que é o partido que, apesar das falhas/problemas que tenha, é o partido que está mais preparado para gerir os destinos do país.
Não faço a injustiça de meter no mesmo saco partidos como a AD e a IL, com o Chega, mas respondendo à tua pergunta:
- na minha maneira de ver/opinião, não vou ter a arrogância de dizer que as pessoas que votam nesses partidos (foco-me apenas nos dois primeiros e não no partido que diz que vai pagar aumentos das pensões a todos os reformados, que ao fim do primeiro ano meteriam o país na bancarrota, automaticamente, não é opinião, com o dinheiro que iriam buscar "à corrupção e economia paralela") estão a delirar quando acreditam/acham que existem problemas a resolver, claro que existem e ninguém nega isso.
"Se houver problemas importantes a resolver o normal é que não se vote no poder?"
Aqui começamos a discordar, eu, não negando que existem problemas a resolver em varias áreas no país, não compro nem assino por baixo de cruz, o retrato do país que as cmtv's da vida pintam.
Não compro a realidade que, podendo existir problemas graves, principalmente na capital e nas suas áreas circundantes, em áreas como a saúde, por exemplo, esse seja o retrato geral do país, em que isto está tudo a desmoronar, que é um antro de corrupção, que as pessoas vivem pior do que alguma vez viveram, têm piores condições em tudo, têm piores salários, etc.
Quando boa parte dos problemas que o país enfrenta, são problemas gerais na Europa, que afectam e cada vez irão afectar mais um continente cada vez mais envelhecido/a ter que gastar mais com as pessoas a viverem cada vez até mais tarde, países muito maiores e mais ricos que nós, governados por perigosos socialistas/comunistas (not), como a habitação e a saúde.
E é aqui que começo a desmontar o paralelismo que quiseste traçar em relação ao clube.
Neste momento, o clube, liderado pela figura que tu apoias e (ainda) manténs confiança, vai deixar o clube, no momento das eleições, com:
- um passivo na casa do meio bilião, com custos com juros anuais incomportáveis, sem dinheiro para fazer negócios que não seja ou através de empresários amigos/obscuros (os tais que tu defendes que é impossível deixar de trabalhar com/untar as mãos, pois esse lado negro do futebol não pode ser descartado), ou com clubes que aceitem prazos a pagar nas calendas, ou quando foge a esta regra, com os negócios a demorarem meses a serem fechados;
- sem infraestruturas para a formação, já nem falo nas décadas de atraso para os rivais, clubes de pequena/media dimensão já têm centros de formação construídos há anos;
- com a qualidade do plantel a levar um decréscimo de qualidade, ano apos ano/época apos época, apesar dos custos/gastos em salários continuarem a subir em flecha, contrastando com a qualidade que se vê no relvado, cada vez maiores gastos/menos qualidade (não vou ser populista e acrescentar que a única coisa que nunca desce, é a gratificação milionária, o dobro ou o triplo salvo erro, dos outros dois grandes juntos, no que diz respeito à administração);
- com os inimigos/quem é hostil ao clube, ao contrario do que alguns querem fazer passar, de que só PdC é que os mantem em cheque/defende o clube, cada vez mais somos prejudicados, gozados, na nossa própria casa, já nem respeito nem qualquer tipo de influencia temos, qualquer arbitro de vão de escada vem ao Dragão e nos mija na cara, sem qualquer tipo de temor;
- com um Presidente, que, ao contrario do que acreditas, na minha opinião claro, a maior prova que já não tem nem força, nem andamento, nem capacidade (o que quiserem/custar menos assumir) para assumir o cargo que ocupa, o retrato mais fiel, a prova mais cabal, foi a forma como se pôs completamente nas mãos/dependente de um treinador, dando a este mais poder que alguma vez um funcionário do clube teve, acima de tudo e de todos, tomando decisões, ou, pelo contrario e ainda mais grave para o futuro do clube, deixando de tomar decisões, apenas para não entrar em conflito com o treinador/porque iam contra a vontade do mesmo;
Nem sequer entrei/referi o tema das sanguessugas que o rodeiam, que deixou que alastrassem no clube como um cancro, no nepotismo do filho e dos negócios que este fez com o clube, nem na parte mais triste, na inacção que teve durante a ultima AG enquanto os sócios eram agredidos/coagidos à sua frente e ter ficado impávido e sereno assistir, tendo há poucos dias dado uma palavra de conforto e solidariedade a quem orquestrou e comandou esse clima (alegadamente, claro).
Este é o paralelismo que quiseste traçar, como se o estado em que o clube está, tivesse alguma equivalência ao estado do país.
País esse que foi o que cresceu mais na UE, salvo erro (se não foi o que cresceu mais foi dos que cresceu mais), que pela primeira vez em não sei quantos anos meteu a divida publica abaixo dos 100 %, nos últimos anos aumentou o salario mínimo em não sei quanto %, as prestações sociais, etc, etc.
Se em algumas áreas especificas existem problemas específicos graves que têm de ser corrigidos ? Sem duvida, mas lanço aqui o desafio; vamos ver se nos debates, algum partido se sai com a seguinte critica/frase "o SNS (serviço nacional de saúde) foi deixado ao desbarato, não foi feito investimento nenhum, nem melhoria das condições existentes". É que o SNS nos últimos anos, teve o seu orçamento aumentado em não sei quantos milhões, nem sei quantificar o numero.
Se continuam a existir mesmo assim problemas/coisas a resolver ? Claro que sim, quer na saúde, quer noutra área, na habitação, principalmente, que é outro problema que afecta a Europa, principalmente ocidental (mas não só) com o aumento dos preços das casas, das rendas e da falta de habitação em si..olha, se calhar, no passado, durante anos e décadas, foram tomadas politicas liberais por todas a Europa, politicas que se calhar esses partidos que usas como exemplo, ate devem ter achado bem, e agora há um problema para resolver...
É que as politicas liberais são sempre muito bonitas e atrativas no papel, o baixar impostos, etc, depois quando a coisa aperta "onde está o Estado para me ajudar ai ai"..a covid que o diga (ou que olhem para o outro lado do Atlântico para ver como correu bem).
Não vou estar a desenvolver muito mais, porque este não é o tópico da politica, alias, se quiseres alguma vez debater sobre este tema, terei todo o gosto em faze-lo no tópico da Politica e não neste.
No entanto, quero deixar claro que, para mim, é um absurdo estar a querer traçar qualquer tipo de equivalência entre a situação que o candidato que apoias deixou/vai deixar o clube e a situação em que o anterior governo deixou o país.
Por isso, quando dizes que "Caso existam problemas a resolver, se a ala direita conquistar o poder deverá merecer uma compreensão especial no seu primeiro mandato uma vez que quem tem problemas sérios a resolver deixados por outros tem que ter uma maior tolerância?", depende do que te estás a referir..
Se me perguntas, por exemplo, se a AD ganhasse as eleições, se eu iria exigir que, no primeiro (ou segundo, ou terceiro) ano do novo governo, se resolvesse o problema da habitação/falta de casas, que o país/a Europa, ignoraram durante décadas, a resposta é obviamente que não; não iria exigir ao novo governo, fosse do PS, da AD, ou do PCP (só o exigiria se fosse do Chega, pois com os 40 mil milhões que eles arranjariam facilmente na economia paralela, rapidamente seriam construídas centenas de milhares de habitações novas) que resolvessem um problema que, de uma maneira honesta intelectualmente, demora vários anos, senão uma década a resolver.
É isto que penso, não sei se é consistente o suficiente para ti, penso que sim, até porque és alguém que acredita que o PdC de 2024, com 86 anos, acabar o próximo mandato nos 90 anos (altura em que já disseste que, num cenário em que voltasse a querer recandidatar-se, mais uma vez, terias que avaliar aí em que condições é que estaria, ou seja, essa ponderação ainda teria que ser feita..), é o mesmo de 1984/1994/2004/2014, com as mesmas capacidades e qualidades, que ainda "percebe mais de futebol e da bola mais que os outros juntos", capaz ainda de estar à frente de uma empresa que "mexe" com centenas de milhões, e que é o candidato melhor preparado para levar, corrijo, para continuar a levar, o clube, neste rumo em direção ao sucesso e à sustentabilidade para que ganhe títulos, não nos próximos 4 anos, mas que ainda cá esteja daqui a 40 anos (o clube, não PdC, acho eu, com todo o respeito), a lutar pelos mesmos (extrapolei um bocadinho agora no fim..mas penso que é legitimo assumir isso).