Opinião de Joaquim Jorge
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Confesso quando André Villas-Boas mostrou intenção de ser, um dia, candidato à presidência do FC Porto fiquei um pouco incrédulo e estupefacto. Primeiro por que o vejo como treinador, depois Pinto da Costa tem a auréola de insubstituível.
Contudo depois de ter estado presente no Clube dos Pensadores, pela sua postura e pelas perguntas a que me respondeu com serenidade, com muita clarividência e certeza, mudei a minha opinião.
A sua carreira como treinador no FC Porto foi brilhante e é história, levou o FC Porto à conquista da Liga, Taça, Supertaça e Liga Europa na temporada 2010-11. Passou pelo Chelsea, Tottenham, Zenit, Shanghai e Marselha.
Porém, preparou-se para ser presidente do FC Porto.
O segredo de pretender ser candidato era algo que a maioria das pessoas sabia.
No Clube dos Pensadores senti que, é uma pessoa querida e que tem muito apoio. A apresentação da sua candidatura, em Janeiro, é uma mera formalidade.
Percebi que, quer dar passos seguros, fortes e transparentes, apoiado por uma equipa de colaboradores rigorosa e de alto nível.
Passei a vê-lo como um bom candidato, que marcaria uma posição forte contra Pinto da Costa, que preside ao FC Porto há 41 anos, porém não chegaria para vencer as eleições, tendo em conta o histórico de Pinto da Costa.
Porém, depois do que se passou na Assembleia Geral, pelos acontecimentos e pelo sentimento de vergonha que gerou em muitos portistas fico com a ideia que pode vencer, já, agora, e não, mais tarde. O que se passou foi mau demais para o FC Porto na sua imagem nacional e internacional.
Para agravar a situação, as agressões e intimidações junto à sua casa fizeram ampliar o caso e criar um cenário de mudança.
Numas eleições democráticas há o direito de qualquer candidato se apresentar respeitando as suas regras, goste-se ou não. Em democracia o poder não é eterno. Métodos ditatoriais, despóticos são descabidos e contraproducentes.
Sou um simples adepto de futebol sem clube, mas sou a favor da transparência. André Villas-Boas ao incluir no seu programa a criação de um "portal da transparência", com todos os custos e comissões, ganha adeptos. Todos os negócios do clube devem ser conhecidos por todos os sócios, simpatizantes e finanças. O futebol não se pode reger por um mundo à parte.
Todas as atividades sem exceção têm que prestar contas pelo que fazem.
O seu modelo desportivo e financeiro para o FC Porto é pela mudança e sempre que há uma mudança verifica-se uma ruptura. Colhe simpatizantes ao propor uma administração mais leve no que toca a remunerações e, um modelo assente no recrutamento de talentos e na potenciação dos valores da formação.
Pinto da Costa foi um presidente de enorme importância para o que é o FC Porto, mas agora, fico com a ideia que não vem acrescentar mais nada.
Sou a favor, que deveria sair em grande e não pela porta de trás. Não deveria se recandidatar.
André Villas-Boas com classe nunca se refere a Pinto da Costa de forma menos correta ou menos elegante. Antes pelo contrário.
André Villas-Boas pode ser presidente, já!