Não confundas fronteiras com culturas. Até dentro do mesmo país vês influências diferentes, resultantes da herança cultural dos vários povos e migrantes que aí se estabeleceram. As fronteiras são meramente administrativas, têm uma influência naturalmente grande na experiência da sua população, mas não a limita. Pegando no exemplo da linguística, são vários os casos que transcenderam fronteiras (galego, mirandês) ou que evoluíram com influências externas cá dentro, com expressões importadas e sotaques distintos.
Não referi "ocidentais" em lado nenhum. A minha crítica foi global. Eu tento abordar os temas de forma neutra, mas a minha (nossa) visão é ocidental. Quando critico os EUA por desenvolver alianças com regimes ditatoriais, não é por gostar desses regimes. Quando digo que "Israel e Palestina são ambos estados terroristas", não estou a defender os islâmicos. Mas tenho um grau de exigência muito superior para o mundo desenvolvido.
Acredito absolutamente no projeto europeu. É o maior projeto de integração pacífica alguma vez criado pela humanidade, que começou com meia dúzia de países no centro da Europa, foi integrando países pobres, saídos de guerras, de ditaduras e de regimes autocráticos, sendo capaz de gerar uma base multicultural baseada em direitos humanos. Uma obra desta imensidão não se constrói sem algumas dificuldades e alguns precalços, infelizmente. Mas é preciso ter a noção que fechar as portas às pessoas que procuram asilo seria desconstruir o conceito de todo o projeto.
Eu já percebi que és um idealista.
Nobre mas utópico.
O mundo não foi forjado assim e por muito avanço civilizacional que atinjamos sempre que haja uma divergência severa, a força entrará sempre na equação.
O projecto europeu ( no qual também me identifico) tem limitações de ordem económica e consequentemente social.
Não podemos albergar imigração descontrolada sob pena do sistema colapsar e por em causa o nosso modo de vida.
Não se coloca em.causa uma evolução de 2 mil anos por uma utopia.
Sobre a multiculturalidade vamos pegar no exemplo da Bósnia.
O acordo de Dayton é uma demonstração de avanço civilizacional: 3 credos religiosos a viverem em conjunto num país democrático.
Um exemplo para a Humanidade...no papel.
Na prática tem um sistema político.mais complexo.do.mundo onde as decisões políticas tem de ser unânimes entre os 3 povos, 2 estados que divergem em quase tudo( e num dos estados os croatas queixam se de bullying pela parte muçulmana), um país economicamente sem projeto, educaçao idem e ao contrário do que se queria as tensões etnicas não só não desapareceram como nós últimos anos exacerbaram se.
Eu pergunto: vale a pena arriscar novo conflito em.nome do idealismo humanista?
E o mais importante? As pessoas que tem as suas vidas colocadas em risco por um idealismo disfuncional.
Olha é preferível a.situação de Nagorno Karabachk o mais forte impôs a sua vontade, houve uma deslocação de.pessoas para junto dos seus semelhantes e agora sim há condições para um acordo de.paz duradouro com fronteiras bem definidas e a médio longo prazo para restabelecimento de relações normais.
As pessoas deslocadas vão passar dificuldades iniciais mas como em termos culturais e étnicos estão perto dos seus semelhantes irão rapidamente resolver as suas vidas e daqui a 30 anos tudo estará sanado.
O que quero com isto dizer que é preciso entender as condições humanas básicas para que se consiga um entendimento entre as partes divergentes em qualquer situação.
E nem sempre o que é justo prevalece mas quem é mais forte.
E isto é basicamente verdade em toda a História da Humanidade.
Há uma quote famosa de um filme que hoje em dia faz sentido
"Naked force has resolved more conflicts throughout History than any other factor. The contrary opinion, that violence doesn't solve anything, is wishful thinking at its worst. People who forget that always die."