Quando Nirvana atingiu o ponto alto eu ainda era um miúdo. Demasiado novo (sou de 85) para ter noção ou mesmo apreciar a sonoridade de Nirvana.
Quando comecei a ouvir Nirvana com alguma atenção já os Foo Fighters iam no 2º álbum. Por isso, todo o fenómeno passou-me ao lado, ou melhor, veio com uma meia dúzia de anos atrasado e, obviamente, não me causou o mesmo impacto que certamente causou a quem nasceu nos anos 70.
Relativamente ao som da banda, não há muito a dizer além de rasgados elogios.
A bateria de Ghrol trouxe o peso que faltava mas é na simplicidade das músicas, mais concretamente na guitarra, que está a magia da banda.
O Cobain nunca foi grande guitarrista. Tecnicamente limitado. Mas a beleza da música, na sua generalidade, reside nisso. Transformar o simples em memorável.
Riffs básicos que qualquer pessoa com os dedos todos consegue reproduzir facilmente na guitarra mas que, em alguns temas, (Smells Like Teen Spirit, por exemplo) são autênticas obras de arte.
Contudo, quando comecei a dar atenção às líricas, não me consegui rever nem um bocadinho no que o Cobain escrevia.
Demasiada depressão, demasiado corta pulsos. Não encaro assim a vida e, sinceramente, ninguém devia encarar.
Talvez fosse esse o sentimento que vigorava na época entre os adolescentes e a música deles acabava por ir ao encontro disso mesmo mas quando chegou à minha vez era-me completamente estranho e não me revia em nada daquilo.
Eu sou da geração do Britpop. Música com mais notas maiores que proporcionam outra predisposição e sentimento.
As letras são mais positivas. A vida é celebrada. Mesmo a rotina quotidiana é cantada e apreciada (Parklife dos Blur, por exemplo).
Com Nirvana, e o grunge na sua essência, tudo é o lado lunar, como escreveu Carlos Tê. Mas eu gosto de sol.