Por razões que a própria vida desconhece, vivi 36 anos longe do Porto. Sou maluco pelo FC Porto ao ponto de, com 15 anos, tão fodido que estava do Porto ter perdido com o Amora por 2-1 (campeonato de 1983), ter ido em missão suicida ver um Sporting - Benfica com uma bandeira do FC Porto. Só a humilhação sofrida pelo nosso clube umas horas antes fizeram com que uma normal animosidade se transformasse em vontade de gozar com a minha cara. Mas a verdade é que fui. Saí vivo de lá. Mas isto para dizer que sou maluco pelo clube. Fugia de casa à noite, ainda criança, para ir ver os jogos da Taça dos Campões ("oh senhor, lebe-me consigo!", era assim que crianças como eu conseguiam entrar nos jogos numa época em que um adulto com bilhete podia levar um acompanhante menor), Tenho um dragão igual ao símbolo do nosso estádio tatuado no braço. Fui despedido de um emprego, já a viver em Lisboa, por ter chegado atrasado ao trabalho para ver - e festejar - a histórica vitória do FC Porto frente ao todo poderoso Bayern de Munique e nem me importei com isso, de tão eufórico que estava. Tenho uma coleção infindável de camisolas do clube. Depois saí para um país mais longe e tudo ficou mais difícil, para ver o meu Porto ao vivo e a cores.
De vez em quando calhava vir ao Porto em dia de jogo. E tenho um grande amigo meu, que alguns certamente conhecem deste Fórum nos primeiros anos, que sempre me levava aos jogos. Lá vi, por exemplo, um dos maiores talentos a jogar com a nossa camisola, um miúdo de 18 anos chamado Anderson, a destruir o Marítimo. Mas foram poucas as vezes que a sorte me fez ter o previlégio de ver o meu clube ao vivo.
Regressei ao Porto em Maio. Depois de 36 anos, Já fui mais vezes ao Dragão em seis meses do que nos 35 anos anteriores, contando com o velhinho estádio das Antas. A minha fiiha mais nova, de 8 anos, já lá foi e é sócia, apadrinhada por esse querido amigo.
No dia da vitória do André Vilas Boas nas próximas eleições do FC Porto tenciono fazer-me sócio do clube. Finalmente. E só aí. Satisfeito, pelo menos, por nunca ter dado um tostão a essa corja de bandidos que (quase) destruíram um clube como o nosso.
Será a primeira coisa que irei fazer, assim que se anunciar a vitória do André. Orgulhosamente o farei. Abraço a todos, principalmente aos sócios que iniciaram esta revolução que, olhem só que maravilhoso destino, culminará num novo Abril azul e branco.