Eu disse "radicalismo tomar conta da região", no sentido do aumento do número de terroristas e grupos terroristas.
Quanto à problemática da religião, qualquer pessoa que interprete de forma literal os livros sagrados do Islamismo ou Cristianismo vai ser um radical a defender atrocidades. O problema é esse, interpretar de forma literal o Islão ou o Cristianismo. As sociedades ocidentais a partir de um determinado momento tornaram-se independentes da religião, adotaram o laicismo e mecanismos repressores do radicalismo religioso. O próprio catolicismo teve que se adaptar à evolução cultural das sociedades laicas ou perecia. No mundo Islâmico isso não aconteceu da mesma forma, a religião é o estado, o sistema judicial é a lei da sharia, e existem interpretações literais. Em países islâmicos onde se notavam as influências das sociedades laicas e modernas ocidentais, surgiam movimentos fundamentalistas islâmicos como resposta à evolução tecnológica e laicismo, e muitos acabaram por sofrer revoluções e a instauração da lei Islâmica.
Hoje em dia o Islão constitui um maior perigo para as sociedades ocidentais porque para além de ter quase tantos crentes como o cristianismo, é interpretado de forma literal por muito mais gente, logo há um maior radicalismo.
Aliás aprendemos mesmos aqueles que têm uma religião a interpretar as coisas de forma filosófica, simbólica e com muitas alegorias.
Assim como aprendemos que algumas coisas existiram num determinado tempo para proteger determinada sociedade em linhas orientativas e que depois, numa sociedade com outras condições socio-culturais, tecnológicas, de protecção do indivíduos e dos grupos em que se inserem, que as mesmas deixaram de fazer sentido, sendo apenas exactamente referências de períodos distantes que no ajudam a compreender a historicidade da criação/desenvolvimento dessas religiões.
Se reparares, a grande maioria do mundo muçulmano, como que não passou esta fase, uma coisa que para mim é estranha, visto que há 700 anos por exemplço o mundo muçulmano era tão ou mais avançado que o mundo ocidental, que era até um pouco mais apegado à ortodoxia religiosa por exemplo (embora por essa altura todos o fossem, eram os europeus ocidentais que conseguiam ser um pouco mais), o médio oriente gerou grandes filósofos, pensadores, matemáticos, astrónomos por essa altura.
O fenómeno do iluminismo foi muito importante no mundo ocidental, e o mesmo acabou por não se estender da mesma forma para o mundo árabe.
Há muitos ativistas islâmicos que defendem a renovação e reforma religiosa, mas são competamente abafados pelos sectos fundamentalistas e ultra ortodoxos.
Dos últimos que falaste, o Irão era um país com um potencial enorme, o que sucedeu em 1979 foi um retrocesso de séculos.
O próprio Líbano o tem e esteve mergulhado numa guerra civíl de 15 anos ..porquê? Por ser um estado multi-religioso e simplesmente o que se referiu acima faz com que haja uma religião que rejeita a partilha de espaço com outras. Um país culturalmente riquíssimo, berço de uma das mais avançadas civilizações (fenícios) do seu tempo, é uma porcaria, sem estrutura nenhuma por causa das tensões religiosas, e porque os islâmicos mesmo aqueles que se dizem moderados, aceitam a existência e representação política de grupos terroristas...
Esse é um dos problemas logo do mundo muçulmano, é que mesmo o moderados não conseguem simplesmente rejeitar, anatemizar e reprimir os movimentos e grupos terroristas, são condescendentes com eles e até os aceitam como se fossem só "uma manifestação normal das coisas".
Isto é igual nos territórios Palestinianos, há aceitação e até simpatia por estes grupos.