Tem a ver com as dinâmicas muito simples de 2 > 1 em termos de cobertura. Sobretudo quando falamos dos centrais ao centro, que foi o exemplo que mencionei.
E se não entendes já te disse um exemplo prático. Vais ver jogos do sporting de 2016, 2017, 2018 e 2019 e depois vê de 2020 em diante.
Nos primeiros vais ver um Coates perdido, o lumiar a sofrer golos atrás de golos porque o Coates é comido nas costas porque o espaço lateral-central é maior e ele não tem velocidade para encurtar o espaço, a falhar os timings de pressão, a falhar antecipações que dão ocasiões de superioridade numérica para o adversário, a ir em divididas aéreas que geram uma segunda bola descoberta, e a mamar com uma diagonal para a cara do guarda-redes, a ter que se expor a amarelos e vermelhos por faltas em que perde falha em controlar o espaço e deixa o avançado em quase 1x0, etc.
Nos segundos jogos vais ver um Coates que salta na marcação com confiança, e que quando falha o sporting ganha a segunda bola ou tem sempre um homem na cobertura, vais ver muito poucas bolas na profundidade que geram golo por incapacidade do Coates acompanhar o alvo do lançamento (porque ou Feddal, Inácio, Neto, Reis estancam essa ameaça), vais ver um Coates a dominar a bola pelo ar no espaço aéreo defensivo, inclusive a disputar bolas na zona 6, porque o perigo de perder o duelo e sofrer é muito menor, vais ver um Coates numa zona central e na marcação, na função para a qual melhor é talhado. A 2 não faz aquilo, não está ali, nem pode estar ali, porque tem debilidades exploráveis se tivesse as mesmas tendências a jogar a 2.
Lógico que Amorim tem o mérito de coordenar muito bem aquela linha, e as dinâmicas intrasectoriais são muitíssimo importantes, mas um sistema de 3 protege o erro do central do meio no âmbito do entregar das costas defensivas. Mas não, não faz de ninguém melhor central.
Novamente, mascara falhas individuais que de outra forma poderiam ser mais custosas para o coletivo.
PS: Não, não fica melhor em termos de saída de bola individual, simplesmente o vês a errar menos (cá está o mascarar de uma lacuna técnica) porque uma circulação a 4+1 ou a 5+1 atrás é muito diferente, os acessos de circulação são maiores, a permeabilidade à pressão diminui também com o aumentar de soluções curtas, e quando a pressão é mal executada, ou no caso da liga portuguesa, executada mal e com uma desconexão entre o setor médio e o setor avançado, quando os dois centrais descaídos abrem são pressionados, em duas ou três ações de troca à largura total do campo, a pressão fica muitas vezes descoordenada e abre avenidas no espaço central para o Coates progredir com bola e conseguir um acesso com qualidade aos médios ou até diretamente aos médios laterais projetados no terreno.