Não prefiro sociedades monocromáticas, gosto de ver e conviver com pessoas diferentes, por muito que me argumentem que as sociedades são mais coesas se a grande maioria ou todos formos ou tendermos a ser semelhantes. Havia um certa comunhão nos intentos do Reich e seguramente haverá muita homogeneidade na Coreia do Norte. As sociedades ocidentais são mais animadas desse ponto de vista, contêm maior agitação social, uma multiplicidade de tensões e debates, maior abertura à mudança... diria que ainda bem, que é melhor assim. Tem que ver com os valores dessas estruturas sociais. Não vou por aí. Pelas parafilias, os charros, os histerismos, marxismo cultural, brainwashing... soa a algo saído de uma trincheira, são elementos típicos de um certo espaço digital, muito pouco recomendável. A visão que tenho da espécie e da sociedade é diferente, mais benévola, tão pouco me foco nessas expressões de antagonismo e de maior confronto.
O acesso ao espaço público não é uma prerrogativa de alguns, é uma consequência natural dos valores que as sociedades democráticas liberais adoptam. Vejo muito mais do que mera vitimização, observo grupos e indivíduos que reclamam o direito de aparecer, de estar representados, ter agência. E têm todo o direito de atribuir posições desfavoráveis e discriminações vividas ao funcionamento dos sistemas sociais. Terão plena razão em muitos casos. Ou negaremos nós as assimetrias de poder que caracterizam as relações sociais, as relações entre grupos étnicos, entre géneros, classes sociais, etc. etc. etc.? A procura das causas da desigualdade, da dominação, das relações de poder... encontra responsáveis nos valores e elementos sociais que têm estruturado o funcionamento das nossas vidas em comum. A menção do patriarcado tem razão de ser. Ou negaremos os muitos séculos de história humana de hierarquias masculinas? Muitos países nunca tiveram mulheres chefes de governo ou de Estado, continuam a conhecer significativas diferenças quanto ao acesso a posições de poder. Não é um acaso. O apartheid sul-africano terminou em 1991. O movimento dos direitos civis norte-americano conseguia importantes avanços legais em meados da década de 60. ... mas quais são as consequências de séculos de discriminação? Que repercussões quanto às instituições e os valores que nos foram legados? Que efeitos sobre as posições sociais que hoje ocupam os indivíduos? Posso focar-me em coisas negativas, nos radicalismos de alguns agentes... mas a realidade não se reduz a isso. Tão pouco se reduz ao conjunto de pontos negativos que o colega percepciona.
Devemos ter também consciência do que as mudanças suscitam resistência, que aquilo que num dado momento parece excessivo ou radical poderá ser tomado como aceitável ou normal após a mudança. Estas discussões nas quais nos envolvemos, a animosidade, o despique... podem ser expressões normais das mudanças em curso. Em poucas décadas muito se alterou em matéria de costumes, moral, liberdade individual... não devemos procurar nas maiores polémicas sinais de fim do mundo, de desagregação das comunidades humanas. E mesmo que as expressões sejam divisivas, polarizadas, confrontacionais, extremadas... também isso é um direito, dentro dos limites da lei, por mais que se discorde. Imagine-se a comoção causada pelos movimentos feministas, a agitação social despertada pelos movimentos civis, até mesmo a condenação suscitada por grupos como os Black Panthers... e no entanto cá estamos.
Haverá quem recorra a argumentos identitários para infligir injustiça sobre outras pessoas?... a natureza humana manifesta-se em todos os seus representantes, nem sempre da forma mais luminosa. Faz parte. Há quem seja "cancelado" de forma injusta? Seguramente, e é um problema que deve ser discutido. Há questões suscitadas pelas profundas transformações das últimas décadas? Claro que sim. ... Compreendo o que o colega que me está a dizer. Parece-me uma visão muito focada em aspectos negativos.
Na minha opinião, caminhamos para sociedade fragmentadas, atomizadas, num crescente tribalismo.
A prazo, ingovernáveis, acredite!
Estes movimentos ( BLM, feministas, lgbt's, etc..) são hoje nada mais que revanchistas, num processo permanente de "ajuste de contas" com o passado, discriminatório, chantagista, racista, sim, que precisam desta agenda para sobreviver politicamente.
Mas provavelmente teremos de passar por isso, para todos nos recentrarmos como comunidade, e voltar ao básico.
Como diz, a evolução nas sociedades em termos de costumes, moral, sexualidade, etc., nas últimas décadas tem sido profunda, e nem de perto, nem de longe tem sido para melhor, pelo contrário.
Mas esta é a minha opinião!
Classificaria mais como decadência, libertinagem, degenerescência da pessoa humana!
Um ser humano hoje bestializado, reduzido à expressão mínima sexualizada, entregue à sodomia, à preversão, ao vício.
Com a agravante de não protegermos as crianças nesta equação, antes sujeitando-as a esta imoralidade nas mais diversas vertentes, sexualizando-as até!! numa sociedade que considero em acelerado processo de decadência!
Mas como todas as grandes civilizações, romana, grega, etc., (que curiosamente também tinham essa propensão para certos comportamentos tão comummente aceites hoje..), se extinguiram, desapareceram, também a civilização ocidental esteja neste processo, e tornar-se-á noutra coisa qualquer.
Não vejo de todo aí, variedade, benignidade, nem mesmo até "direitos"... tão somente um esgoto a céu aberto.
Meu caro, temos visões e anseios sobre o mundo e a sociedade completamente distintas.
Que respeito, obviamente, mas não poderia estar de acordo de todo!
Saudações portistas.