O Hitler era uma personagem muito singular, assim o Estaline ou o Mao, isto é quase como as comparações que se fazem sempre que um miúdo novo muito habilidoso surge pela primeira vez, se for argentino é o novo Maradona/Messi, se for brasileiro é o novo Pelé, ora troquem isso por fascismo e comunismo e surgem essas comparações com ditadores históricos, como o Putin não é comunista a tendência será o comparar ao Hitler, já o Xi o próprio até gostaria que o comparassem ao Mao.
O Putin até ver não pretende cometer genocídio contra qualquer minoria e também não me parece que pretenda somar território para o qual não possa criar uma narrativa histórica sobre o mesmo que justifique isso, ainda percebo fora do contexto ucraniano o receio dos países bálticos e de outros países da ex união soviética, mas fora isso creio que já é mais divagação que outra coisa, e no caso dos países bálticos e até ver ele parece ter receio da NATO.
Agora, não deixa de ser perigoso por causa disso, a grande questão aqui é como gerir a questão nuclear, não era um problema que tínhamos com o Hitler, existiu com o Estaline no final da sua vida mas havia um contexto diferente de desgaste pós guerra e ele já tinha o seu império e mais com o que se preocupar desde que não o atacassem, o Mao teve também nos últimos anos armas nucleares mas faltava-lhe tecnologia de misseis de médio/longo alcance e submarinos nucleares, o contexto e não só o decisor importa muito nestas alturas mas se no inicio da década de 60 o dirigente soviético fosse outro não andávamos por aqui.
O Putin obviamente não quer usar armas nucleares sabendo que seriam também usadas contra ele, mesmo que o atacássemos directamente o seu primeiro impulso seria provavelmente atacar com uma arma nuclear uma qualquer cidade ucraniana detida pela resistência, talvez Lviv que é uma espécie de 2ª capital nesta momento longe das tropas russas, com isso demonstraria determinação sem na prática estar a atacar um alvo da NATO, o que provavelmente levaria a mesma a tentar negociar porque tendo sido quebrado esse tabu não arriscaria algo mais, ou seja, existem aqui níveis de confrontação onde o nuclear pode até ser utilizado sem que implique uma guerra nuclear, mas se a ideia for ajudar a Ucrânia não percebo como seguir esse caminho seja boa opção.