Não digo que não. A mim pouco me interessa se a empresa é pública ou privada, se o serviço é feito pelo estado ou pelo privado subsidiado. Defendi, ou melhor, compreendi a nacionalização, como solução de uma borrada monumental que foi a privatização nos moldes em que foi feita.
Tal como critiquei a intervenção do Rio, que nem coloca condições na privatização que quer fazer. Quer apenas fazer, se não existir proposta aceitável que salvaguarde a continuidade territorial, que se lixem os portugueses de segunda (aka todos os que não são de Lisboa).
Não estou a par disso. Baseei-me numa reportagem que vi, penso eu, no ano passado, em que falavam do imbróglio entre a Ryanair e o governo regional, porque a Ryanair estava a pedir 10 milhões para ligar o aeroporto da Madeira, e que a Madeira queria uma segunda companhia a voar para lá.
3 pontos:
1) É sempre preciso. Da mesma forma que a Air France é subsidiada para ligar Paris às antigas colónias, como a KLM é subsidiada para ligar Amsterdão às antigas colónias, como a British Airways é subsidiada para ligar as capitais do UK e as ilhas do reino a Londres;
2) Não sei se alguma vez viajaste na Ryanair. Eu, pelo menos, experimentei e opto desde aí por voar em companhias que não medem a minha mala, que me dão uma refeição em voos longos, que não me cobram 30€ por 100g a mais e que não me tratam como um animal a entrar no matadouro. Estou agora no UK de férias e optei pela BA que, com malas e refeições, custou apenas 20€ a mais que a Ryanair porque o "low-cost" acaba por só ser rentável se viajares de mãos a abanar. E o serviço é completamente diferente;
3) Imagina que deixamos a continuidade territorial numa empresa como a Ryanair. De hoje para amanhã, esta vai à falência ou decide que não quer trabalhar mais em Portugal. O que acontece a seguir? Repara que todas as empresas que estão ali em cima descritas têm uma característica comum: têm todas base de operações no país que servem. São privadas, mas o serviço de interesse nacional só se extingue se a empresa desaparecer. A TAP foi mal vendida a uma empresa que não tinha minimamente condições para restruturar a empresa, o Estado ficou com o risco todo, e que ao fim de 3 anos já estava em processo de insolvência. Com ou sem a nacionalização, seria o Estado a arcar com os custos, seja de restruturação ou de pagamento de dívidas.
PS. Já há dias questionei, mas não obtive resposta. Acho curiosa a ideologia liberal que não quer o Estado por perto quando as coisas correm bem, mas são os primeiros a exigir apoio às empresas quando começam a correr mal. Qual é a posição da IL no BES? No BPN? É que vi o Cotrim durante a crise a pedir apoios para as empresas? Em que difere a TAP dessas empresas? Ou está apenas contra a nacionalização? Porquê, senão por razões ideológicas?