A Unidade Central Operativa (UCO) da Guarda Civil espanhola desmantelou uma rede de tráfico de substâncias proibidas destinada a desportistas liderada pelo médico Marcos Maynar, ligado ao caso de dopagem da equipa portuguesa LA-MSS, em maio de 2008, e por Vicente Belda, antigo diretor desportivo da Kelme, implicado na célebre Operação Puerto, em 2006, da qual foi ilibado.
Iniciada em janeiro de 2021, a Operação Ilex culminou na identificação de oito pessoas, constituídas arguidas pelo tráfico de medicamentos e dopagem, segundo nota divulgada pela Guarda Civil. A partir de sede situada na província de Cáceres, os suspeitos distribuíam substâncias proibidas a atletas de várias modalidades, em Portugal e nas províncias espanholas de Guipúscoa e Castellón.
Depois de detido pela Guarda Civil por delito e tráfico de medicamentos, Marcos Maynar ficou sujeito à medida de termo de identidade e residência, a partir de maio. Entre as restantes pessoas indiciadas, encontram-se o filho de Vicente Belda, David Belda Garcia, ex-ciclista que foi suspenso por quatro anos em 2017, por positivo com EPO e atualmente massagista da WorldTeam cazaque Astana; o ciclista colombiano Miguel Angel López dessa formação - esteve sob investigação mas agora encontra-se visado na qualidade de testemunha - e os ex-ciclistas Luís Vicente Otín e Angel Vásquez Iglésias, este último suspenso por doping entre 2007 e 2010, embora participasse em competições amadoras sem controlo ao uso de substâncias proibidas.
Entre os eventuais clientes encontram-se Ruben Bernal, treinador de natação de um clube de Castellón, e um seu atleta menor, futebolistas e Ruben Pereira, diretor desportivo da Glassdrive-Q8-Anicolor - até ao final da temporada de 2021 patrocinada pela Efapel, que dava nome à equipa - que, contactado por A BOLA, negou qualquer envolvimento com esta rede de tráfico. «Fomos ouvidos, em 2021, sobre os planos de treinos elaborados pelo Nacho [intermediário de Marcos Maynar] para a nossa equipa. Uma situação surgida depois da apreensão dos computadores pela Guarda Civil.
Nos documentos confiscados constavam os planos de treino de inúmeros atletas, entre os quais os da Efapel [em 2021, a Efapel patrocinava a atual Glassdrive, mas desistiu deste apoio para abraçar novo projeto que não é visado nesta investigação]. Depois das explicações dadas sobre a nossa relação com Nacho, nunca mais tivemos qualquer informação e ficámos surpreendidos com as notícias agora divulgadas. Terminámos a nossa ligação com esse senhor em agosto de 2021, nunca tivemos nada a ver com Marcos Maynar e muito menos com a utilização de substâncias ilícitas. A nossa ligação foi exclusivamente no plano de treinos», frisou o responsável.