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Prometi a mim mesmo, ainda durante o gangbang desta noite, que não iria cair no erro fácil de, ainda a quente, desatar a mandar caralhadas para tudo o que era lado e a espumar-me como se não houvesse amanhã. Cumprirei. Mas tenho recados, como é óbvio.
Resolveste mais uma vez dar a titularidade ao Sanusi que parece ter lugar cativo no onze cada vez que aparece um jogo da Champions. Resultado: Fez uma assistência de bandeja para o primeiro golo deles e foi, como é habitual, a epítome da inconsistência e da displicência, quer defensiva quer ofensivamente. Wendell, aprende. Resolveste, ao contrário do jogo de Madrid, jogar com dois avançados fixos lá na frente, fazendo peito a um Liverpool que é deveras superior ao Atlético e que é tão perigoso jogando em casa como fora. Resultado: Abriste as alas, abriste o miolo, abriste o rabiosque ao Jurgen. Resolveste continuar a insistir num Tecatito na lateral-direita que hoje mais parecia um Sonkaya da loja dos trezentos tal a forma como foi comido e como ia oferecendo golos de mão beijada aos agradecidos avançados contrários. Resolveste dar a titularidade ao Fábio Cardoso porque, bom, porque não havia mais defacto...mas também porque achaste, antes do fecho do mercado, que com estes 4 à disposição te aguentarias bem durante a época, mesmo sabendo que o Pepe tem 38 primaveras, que o Marcano tem menos umas poucas e já várias lesões tramadas no currículo e que o Mbemba, apesar de expedito, tem brancas frequentes. Resultado: É preciso mesmo dizê-lo? E resolveste mais umas poucas de coisas que continuam a não abonar em nada os nossos objectivos. Só não resolves uma coisa primordial: A tua já mítica teimosia. A tua teimosia táctica, a tua teimosia em rapazes notoriamente limitados, a tua teimosia em não apostar definitivamente em rapazes que mostram que merecem mais e a tua teimosia em não abdicar de certos conceitos que boa parte dos treinadores que andam no mundo do futebol já topam a léguas.
Mas a culpa não é só tua Conceição, em boa parte até poderá ser, mas não morre solteira não senhor, tens ali malta que, tal como a nós, te deixa fora do sério pela irregularidade, pela inépcia e pela falta de atitude, num estado de espírito nada condizente com a nossa história e os nossos pergaminhos. História essa que também devia ser devidamente respeitada e preservada pelos senhores que habitam nos camarotes do Dragão e que são, também eles, responsáveis por este estado catártico em que se encontra tanto a alma do clube como as suas finanças, resultado de uma gestão um tanto ou quanto danosa do nosso património que já se arrasta de há uns bons anos para cá. Umas ginásticas financeiras aqui, outros malabarismos acolá e entre os pingos da chuva e com muita cosmética ao barulho a coisa lá vai andando. Até que chega ao dia que cai um pedragulho destes em pleno aniversário do clube e um gajo começa a pôr as coisas em perspectiva, ficando com a plena consciência que algo já deveria ter mudado, algo já deveria ter sido feito em concreto para mudar o rumo da coisa. A paixão por um clube é uma coisa tramada defacto, tanta vez é dominada pela irracionalidade do fenómeno que por arrasto e demasiado frequentemente tolda o julgamento disto e daquilo, contribuindo invariavelmente para o perpetuar das más gestões e más decisões, numa bola de neve nada recomendável.
Bom, já estou para aqui a balbuciar secalhar. Mas vá, não disse caralhadas. Foi mau demais hoje, não há volta a dar. E não me apetece dizer mais nada para além disso que não acabar expressando o meu obrigado ao público no Dragão que abrilhantou o ambiente apesar do contexto não ter sido o melhor e realçar o que, para mim, é o único rapaz da nossa equipa (Fábio Vieira) que defacto merece o meu apreço hoje e que também merece que o ponham a titular nos próximos 20 jogos pelo menos, porque muito tem feito por isso.
Gto”
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