O nosso dinamarquês nao para, mais uma entrevista a um jornal da dinamarca.
00:00
Olá, Victor, obrigado por dedicares algum tempo para falar comigo. Sei que estás mesmo à beira do arranque da temporada — já lá voltaremos mais à frente. Antes de mais, parabéns pela tua mudança para o FC Porto. Como está a correr?
Muito obrigado. Está a correr bem. Especialmente com o bom tempo. E tive um bom início no balneário com os nossos…
00:29
Fui muito bem recebido, e tivemos uma pré-época muito boa, com alguns jogos em que se deu tudo ao máximo. Sobre o tempo, disse hoje a um amigo que, nas últimas semanas, aqui na Dinamarca, até nos esquecemos que é verão em agosto… Mas hoje, na verdade, temos um dia de verão, por isso talvez haja aqui um bocadinho de “ambiente de Porto” fora do estúdio, aqui no parque onde estou sentado agora.
00:55
Victor, estiveste no FC Copenhaga durante sete anos. Como foi para ti deixar o clube?
Foi muito emotivo. É um clube que me deu imenso. Trabalhei com pessoas muito competentes durante todos estes sete anos, tanto jogadores como equipa técnica e todos os que estiveram à volta do clube.
01:21
Por isso, é uma sensação estranha estar, de repente, noutra equipa, noutro país e, de certa forma, ter saído de casa, onde me senti tão bem durante tantos anos.
Sim, e o curioso é que muitos de vocês saem relativamente cedo, e isso é, no fundo, sair de casa também. Não sei se já tinhas saído de casa antes, mas imagino que as últimas semanas tenham sido…
01:47
Intensas — tiveste de mudar-te, começaste num novo clube, mencionaste há pouco um novo balneário, etc. Como têm sido estas últimas semanas para ti?
Claro que seria mentira dizer que foi tudo tranquilo e fácil de um dia para o outro. Há naturalmente muitas coisas a que é preciso habituar-nos. É uma cultura diferente, um país diferente, onde as coisas se fazem de maneira distinta.
02:16
Diferente do que estava habituado na Dinamarca. Mas, dito isto, tenho também uma grande tranquilidade por dentro, sentindo que tudo vai correr muito bem e que aqui também me vou sentir em casa.
Ainda estás a viver num hotel? Imagino que vás arranjar um apartamento, mas continuas no hotel?
Sim, continuo no hotel. Já encontrei uma casa, para onde me vou mudar nos próximos dias, e aí espero…
02:45
…ficar bem instalado.
E, Victor, nesta pré-época já conquistaste os adeptos do Porto. Como é que tens vivido isso?
Para mim, o mais importante foi entrar rapidamente no estilo de jogo. Já estamos a implementar ideias no plantel, e há muitas coisas em que precisamos de trabalhar, especialmente com bola, mas também uma forma completamente nova de pressionar.
03:10
Por isso, conseguir entrar rapidamente nesse ritmo e já sentir uma grande confiança nas minhas capacidades… Depois, era só continuar a trabalhar nos aspetos que preciso de melhorar e onde estava menos à vontade, mas, ao mesmo tempo, trazer todas as minhas qualidades, as mesmas que me trouxeram até aqui. E isso tem de servir para ajudarmos a ganhar muitos jogos.
03:37
Agora deste um passo enorme, Victor. É claro que é algo muito importante para ti e muito bonito. Mas isso levanta também algumas questões em Copenhaga, porque há muitos adeptos e amantes de futebol no FC Copenhaga que já sentem a tua falta. Só passou um ano desde que assinaste um contrato longo com o FC Copenhaga. Por que quiseste seguir já para outro clube?
Para mim, tratou-se de ter de decidir se queria continuar ou não em Copenhaga.
04:06
Apareceu-me uma oportunidade enorme, em que vi muitas coisas positivas. Pude assinalar praticamente todas as caixas com o Porto, que tinha um plano muito claro para mim, com desafios desportivos que achei muito interessantes para o ponto da carreira em que estou.
Além disso, sou um jogador que gosta de sonhar em grande, e no próximo verão há um Mundial.
04:36
Não se trata apenas de estar disponível, mas de poder jogar e ter minutos lá. E, com todo o respeito pela Superliga dinamarquesa, é mais fácil aproximar-me desse objetivo jogando num clube um pouco maior do que o FC Copenhaga. Mas gostei imenso do tempo que passei no FC Copenhaga e percebo que alguns adeptos tivessem gostado que ficasse mais tempo.
05:03
Mas esta transferência também trouxe muito dinheiro para o clube — foi a venda mais cara de sempre do FC Copenhaga. Por isso, acho que os adeptos podem sentir orgulho disso também, ao mesmo tempo que sempre me apoiaram ao longo do percurso.
E nós conhecemo-lo como um jogador talentoso, muito trabalhador e ambicioso. Há também, na tua busca constante por objetivos, um pouco de impaciência?
05:30
Não creio que seja impaciência. Sempre fui bastante realista quanto ao que queria e aos meus objetivos e ambições. Já no verão passado tive algumas oportunidades, e sabia que havia interesse concreto de outros clubes. Mas, nessa altura, queria ganhar o campeonato e um troféu com o FC Copenhaga.
06:01
Consegui isso na época passada. E, neste verão, surgiu uma oportunidade à qual não podia dizer que não, ainda para mais quando o FC Copenhaga e o Porto chegaram a acordo. Estou muito feliz pelo percurso que tive até agora e por todos os jogos que pude disputar.
Falaste do Mundial, e já tínhamos ouvido antes que isso era um objetivo importante para ti.
06:28
Como é que surgiu essa ambição? Claro que já estava no calendário, mas parece algo muito concreto na tua mente.
Não é que o Mundial seja o único fator, mas é um dos que contribuíram para esta decisão. Como todos sabem, o Mundial é o torneio mais prestigiante que um jogador pode disputar.
06:55
Representar o país e jogar pela Dinamarca é enorme. Acho que todos concordam que é algo que qualquer jogador quer muito. Mas, ao mesmo tempo, queria vir para um grande clube em Portugal, lutar por um campeonato e ter muitas oportunidades para evoluir como jogador, trabalhando a fundo em alguns aspetos.
07:25
Foste uma peça importante nos planos do FC Copenhaga para esta temporada, que já começou. E posso dizer-te que ontem sentimos a tua falta no Parken.
O que pensas sobre o timing de saíres agora, a meio da qualificação para a Liga dos Campeões?
O futebol nem sempre permite a “altura perfeita” para mudar. Sei que, na Dinamarca, a temporada não acaba quando a época termina noutros países.
07:54
Mas para o Porto, seria difícil contratar um jogador no fim do mercado, porque seria complicado integrá-lo na equipa. E também queria fazer a pré-época e integrar-me no grupo antes do arranque oficial.
Claro que sei que a Liga dos Campeões é muito importante para o FC Copenhaga. Mas conhecendo o plantel que têm, estou certo de que estão muito bem preparados.
08:22
Ainda assim, teria sido bom poder ajudar na caminhada europeia, depois de ter ganho o campeonato e querer continuar na Champions.
Percebes os adeptos que estão frustrados por o clube te ter vendido agora?
Acho que qualquer adepto fica um pouco desiludido quando uma das suas maiores estrelas sai. Mas também é importante lembrar que o FC Copenhaga conseguiu um valor recorde com um jogador que formou. Isso deve ser motivo de orgulho para adeptos e clube.
09:20
Estou certo de que o clube vai dar passos importantes. Mas compreendo que alguns adeptos quisessem que eu ficasse mais tempo.
E estás orgulhoso por seres a venda mais cara de sempre?
Sim, claro. É algo de que me posso orgulhar. E devo um enorme agradecimento a todas as pessoas que fizeram parte do meu percurso no clube — jogadores e staff — que me ajudaram a chegar aqui.
09:50
Ganhei um campeonato no FC Copenhaga e agora posso levar o meu futebol para o mundo. E, em especial, obrigado aos adeptos, que me apoiaram desde o primeiro dia em que subi à equipa principal. Foi um prazer vestir a camisola branca, especialmente no Parken, onde senti sempre um enorme apoio.
10:21
E agora estás no FC Porto, com a pré-época feita e a primeira jornada do campeonato já na segunda-feira, em casa, certo?
Certo. Começamos o campeonato na segunda-feira. Tivemos recentemente um falecimento que afetou muito a cidade e especialmente o clube, e vamos obviamente homenageá-lo, mas também dar tudo por ele.
10:47
Segunda-feira arranca a liga, e estamos todos muito entusiasmados. Especialmente eu, por poder fazer a minha estreia oficial.
Como vai ser entrar em jogo a sério?
Vai ser fantástico. Os jogos de pré-época servem para testar coisas, mas agora é a sério — começam os jogos importantes e não há tempo para mais nada. E começar em casa, perante os adeptos, num grande estádio, vai ser especial.
11:17
E, para terminar, Victor, falaste do Mundial como objetivo e deste um passo muito importante na carreira, mas, conhecendo-te, sei que tens mais ambições.
Em que sonhas para a tua carreira?
Sim, conheces-me bem. Não sou muito de pensar a cinco ou sete anos. Estou focado no trabalho que tenho pela frente agora. Tenho pela frente anos muito interessantes aqui no Porto, e quero ajudar um clube que não vence o campeonato há três anos a voltar ao topo.
12:16
Tal como no Copenhaga se deve lutar por títulos, o Porto também deve fazê-lo. Quero ser um dos jogadores que contribui para isso. É um desafio que me entusiasma muito. E, sendo jovem, também tenho o direito de sonhar alto, e faço-o.
12:46
Victor, desejo-te a maior sorte. Nós temos o objetivo de acompanhar alguns talentos que conhecemos há anos e que dão este salto importante. Talvez um dia estejamos na bancada, aí no Porto, a ver-te jogar — espero que sim.
Até lá, desejo-te tudo de bom.
Muito obrigado. E obrigado pelo teu tempo, Victor. Fica bem aí em baixo.