Notícia relativa ao teste do vídeo arbitro na taça.
ÁLVARO ISIDORO / GLOBAL IMAGENS
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Plantéis de Benfica e V. Guimarães com excelente recetividade à formação recebida. Árbitros assistentes com indicações para arriscar mais em lances de fora de jogo.
O Conselho de Arbitragem (CA) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) procedeu ontem a uma ação de formação relativamente ao videoárbitro (VAR) que vai ter a sua estreia no modelo live - ao vivo - já no domingo na final da Taça de Portugal disputada entre Benfica e Vitória de Guimarães e que terá como árbitro de campo o lisboeta Hugo Miguel e como videoárbitros Artur Soares Dias e Jorge Sousa.
Nesta ação de formação protagonizada pelo antigo árbitro João Ferreira, hoje vice-presidente da FPF, foram vistos alguns lances da edição da I Liga que terminou este domingo; uns em que o VAR podia ter sido uma ajuda, outros em que a prerrogativa do silêncio seria usada pelos VAR. É importante salientar que no centro de operações onde estará situado o VAR, este será formado por um VAR, um VAR assistente e um técnico para ajudar na seleção e recolha das imagens pretendidas.
João Ferreira tentou desdramatizar o tempo que pode levar o jogo a estar parado e salientou que "95% das decisões tomadas pelos árbitros já são corretas" e que o VAR servirá para ajudar nas 5% de decisões erradas "com impacto no jogo".
E quais são essas decisões; quatro muito concretas: golo, penálti, cartão vermelho direto (e não por acumulação porque isso levaria a tentar perceber a causa do primeiro amarelo) e troca de identidades.
As decisões - e isto é de fulcral importância - só podem ser revistas e reavaliadas pelo VAR enquanto não se dá um recomeço. Um exemplo: um árbitro assistente assinala erradamente um lance de fora de jogo. Ao fazê-lo está a impedir a reavaliação pois está a tomar uma decisão seguinte ao lance. Por isso, os árbitros assistentes "têm indicações para arriscar mais" neste tipo de jogadas. Se tiverem uma pequena dúvida deixam seguir e depois em caso de fora de jogo o VAR resolverá a questão.
O árbitro de campo, que continuará a ser o dono da última palavra, no fundo o decisor, pode pedir o ecrã (através de um gesto do retângulo) e o que se espera é que demorará mais de um minuto a ver o lance em concreto sem a presença de jogadores ou elementos da equipa técnica no local. Ainda assim, o sucesso deste novo modelo passará muito pela relação de confiança entre a equipa de arbitragem que estará no campo e os VAR, pois estes últimos, se as suas decisões forem acatadas, permitirão que a dinâmica sofra a menor quebra possível.
Os VAR terão à disposição todas as câmaras da transmissão e não estarão limitados à realização do encontro. Terão mesmo um dos nove monitores com dois/três segundos de delay para puderem ver quase de seguida algo que lhes tenha deixado dúvidas.
Tomada a decisão, a imagem decisiva será fornecida ao operador. Neste momento estas são as linhas mestras de um protocolo que já tem 67 páginas. E qual é o objetivo do VAR? "Revolucionar o futebol", garante João Ferreira que salienta a "recetividade fantástica dos plantéis de Benfica e Vitória de Guimarães" nas ações de formação recebidas.
No entanto, este novo "modelo de arbitragem", como lhe chamou João Ferreira, está, sabe o DN, a provocar alguma discórdia entre o CA e o antigo árbitro Pedro Proença, hoje presidente da Liga, que defendia a chamada de antigos árbitros com a introdução do VAR. O que está estabelecido é que serão os 22 árbitros de 1.ª categoria a exercer a função de árbitro de campo e de VAR, podendo acumular as duas tarefas na mesma jornada em dias distintos.