Mário Jardel: «Quero seis meses no F.C. Porto e acabo»
As imagens correm mundo afora. Anunciam a irreversibilidade de um estado de alma, de uma paixão pela área, pela bola, pelo golo. Mário Jardel, 37 anos, ponta-de-lança de sete vidas e muitos mais fôlegos, volta a fazer o que melhor sabe: olhos bem abertos, testa propulsora, guarda-redes abatido.
Agora em Varna, leste da Bulgária, aos pés do Mar Negro. O mesmo killer instinct, o mesmo saber, a mesma ânsia de menino, as mesmas palavras endossadas em jeito de promessa. Tudo em entrevista ao Maisfutebol.
«Sinto-me super-feliz. Fisicamente estou a ficar bem e continuo a fazer golos. Nenhum zagueiro sabe como me marcar», diz o ponta-de-lança brasileiro, ex-F.C. Porto, ex-Sporting, ex-Galatasaray, ex-uma infinidade de outros clubes.
«Eles olham para a bola no ar; eu faço que vou e fico. Quando olham já estou a meter a cabeça na bola. Aí não tem mais jeito, o Jardel não falha», diz o jogador do Cherno More Varna.
O contrato de Mário Jardel acaba a 4 de Dezembro. Nessa altura o campeonato búlgaro sofre uma interrupção de dois meses também. Tempo demasiado para um homem sedento de golos.
«Não posso parar. Quero voltar a Portugal e fazer os últimos meses da minha carreira. Perfeito, perfeito é se for no F.C. Porto. Falei com o Pinto da Costa há poucas semanas, quando ele veio à Bulgária, e disse-lhe que seria bom para todos. Faço seis meses no Porto e tenho o final perfeito.»
«No Porto nem me importo de ficar no banco»
A miríade de golos adoça a inconsciência. Jardel agarra o passado na tentativa de dourar o presente. O brasileiro ama o F.C. Porto, sonha com o dragão colado ao peito e um adeus junto às gentes da Invicta.
Não, não é inconsciência, afinal. É um sonho de menino, de homem também. É uma espécie de sacerdócio, de convicção profunda, esotérica. E, afinal, que melhor epílogo para um filme de vida assente em surpresas desde o princípio?
«Nem me importo de ficar no banco. Sei que posso entrar de vez em quando e fazer os meus golzinhos. O meu coração é azul e branco. Foi o Porto que me resgatou do Brasil e me mostrou à Europa. Gostava que o André Villas-Boas me tivesse ao lado dele, nos suplentes, para me meter em jogo e eu resolver.»
«Nunca devia ter saído do F.C. Porto»
Como rebobinar tudo e apagar as partes de espúrio? Mário Jardel sabe que trilhou o caminho da perdição e que a sua imagem ainda paga juros pesados. Os anos passaram, o homem reencontrou-se e mantém-se longe do vício e dos chamamentos malditos.
«Até o Maradona teve a oportunidade de treinar a selecção da Argentina. O ser humano muda e eu consegui mudar. Se não for no F.C. Porto, que seja noutro clube da primeira divisão. O importante é que a bola me chegue. Estou óptimo. Aguento tudo, faço até dois jogos seguidos se for preciso».
«Nunca fui de grandes correrias. As pessoas conhecem-me. Quem gosta de futebol é o golo. Eu sou o golo, eu amo o futebol.»
Sem complexos, despretensioso, Mário Jardel promete ter tirado o corpo e alma do abismo. E assume um erro mais. «Há um amigo meu que me diz sempre o mesmo: nunca devias ter saído do F.C. Porto. E é verdade. Agora sei isso.»
http://www.maisfutebol.iol.pt/fcporto/jardel-mario-jardel-maisfutebol-futebol-entrevista/1204692-1304.html
já \"acabaste\" há imenso tempo...