Dizes que somos um país com fraco progresso económico, o que é verdade, e eu acrescento ainda fraco poder de compra. Ao mesmo tempo que este é o paradigma nacional há décadas, e no entanto a “direita” tem dificuldade em vencer eleições.
Apontas para que a direita olhe para dentro para compreender o porquê dessa situação. Já eu acho que talvez fosse mais importante compreender porque é que as pessoas têm dificuldade em analisar a situação e o rumo sócio económico do país, e tomar uma decisão de voto não apenas por via de promessas fáceis, mas acima de tudo, com alguma compreensão do que são as propostas e modelos de cada partido, e quais as suas consequências.
Com isto não quero dizer que a solução está à esquerda ou à direita, isso cabe a cada um informar-se e tomar a decisão sobre o que acha ser o melhor caminho para o país. Quero dizer que a iliteracia política e económica da população portuguesa, levou a que nas últimas décadas, independentemente dos factos que evidenciei no primeiro parágrafo, as campanhas políticas continuam a repetir-se nas mesmas acusações e falsas promessas.
Todos aqui conhecemos muitas pessoas que não ligam puto a política, ou que tentam apanhar algo mas não sabem corno do que falam. Não há melhor exemplo que a enorme abstenção que temos.
Qual a justificação para que conteúdos como economia não sejam obrigatórios no ensino secundário? Porque não uma aposta no leccionamento de conteúdos relativos ao funcionamento do aparelho estado, por exemplo na disciplina de cidadania? Porque é que em história é mais importante saber a guerra dos trinta anos, do que por exemplo o aprofundamento das ideologias políticas do século XX, e uma comparação das mesmas?
Estamos a formar pessoas no ensino público que vão chegar aos 18 anos a saberem fazer equações matemáticas, mas que não sabem o que difere um partido de esquerda de um partido de direita (isto existe).
A geração mais qualificada de sempre, 1/3 ou mais, não tem qualquer conhecimento ou interesse político.
Não existe uma aposta em dotar a população da capacidade tomar uma decisão acerca de que país quer para si. Nesse sentido o estado falha todos os dias.