Estás a fazer grande desvio. Aqui a questão é mesmo o que é que eram as blackfaces. Para que é que estás a falar em whitefaces quando isso nunca foi uma "cena" nem está historicamente ligado ao racismo e preconceito...Di Charis disse:não necessáriamente como dizes.
Estás mais correcto no que toca à sociedade e ao desenvolvimento histórico americano que ao resto do mundo.
Fazes uma peça de natal numa escola onde não há alunos pretos, como fazes os três reis magos?.
Tens a tradição de natal holandesa, onde os ajudantes do pai natal, são tradicionalmente de pele escura.
A holanda, até ter as suas colonias nas americas - suriname, etc - foi etnicamente homogénia num certo tom de pele, dai nessa repressentação de natal haver quem pintasse a pele para representar essas personagens.
Podia dar mais exemplos, mas o essencial da minha argumentação é de que em certos casos, quando o mundo era mais "pequeno", em sociedades onde não havia o contacto com outras culturas como sempre houve em Portugal, era muito, muito raro encontrares diversidade cultural e pessoas com o tom de pele certo - vai ao século 18 fazer uma peça do Otelo do Shakespeare em Glasgow, quais são as probabilidades de teres um actor mouro em glasgow nessa altura?.
òbvio que os tempos mudaram, hoje em dia, tens gente de todas as cores em todo o lado nos paises ocidentais (engraçado que o inverso é muito raro).
Se te vestires de aladino e não pintares a pele, és acusado de racista na mesma ou mais concretamente, estás a fazer "apropriação cultural", outro termo muito americano - sem que nenhum deles se lembre que quando falam inglês ou comemoram o Halloween, é algo culturamente proveniente da cultura de origem britanica.
Se tu vestires uma camisola da holanda (e fores branco) com o nº8, meteres umas rastas e uns oculos, fazes lembrar o davids, mas não ficas igual.
Se te quiseres vestir de Joker, pintas os lábios, os olhos, despenteas o cabelo mas tens sempre que pintar o rosto de branco-branco.
Isto é "whiteface" ou racista?, não, estás apenas a tentar ser o mais semelhante possível à personagem/pessoa que queres representar.
(não é o mesmo que numa peça, havendo actores da etnia da personagem, escolheres de outra etnía e pintares a pele)
Dito isto...
O Trudeau é um idiota e este caso só sublinha a trampa de pessoa que é, o quão hipocrita e vazio é.
Estás a dar exemplos muito especificos... entre 1800 e 1900 não haviam negros que cheguem nos EUA por exemplo? Claro que haviam.
Para além disso, mais uma vez, as peças com blackfaces eram criadas com forte base em estereotipos e ajudaram obviamente à proliferação desses mesmos preconceitos. Queres mesmo comparar com um Otelo que não era loiro em Glasgow? Se não era loiro eles faziam na mesma com um tipo de cabelos castanhos.
Todos os exemplos que deste são válidos, mas é um grande erro quereres compara-los a um movimento culturalmente ligado ao racismo.
Que é que interessa se o pessoal antigamente não sabia melhor? Isso não serve de desculpabilização...
Os extremistas da "apropriação cultural" são tão maus quanto os que, à rebelia, depois tentam diminuir os acontecimentos relevantes e/ou graves que muitas vezes essas causas na sua génese lutam.
Eu já fui um desses, mas hoje tenho uma posição muito mais moderada e que considero a mais correcta. Acho os direito sociais absolutamente essenciais e as suas causas também.
Não deixo que umas veganas fanáticas que querem separar os galos das galinhas porque as galinhas não consentem a relação sexual com os galos me toldem das óptimas causas ambientais e justas que a introdução de uma alimentação mais vegana e das suas causas possa dar à nossa sociedade.
Não deixo que as feministas extremistas me toldem a visão que o wage gap é real, que o enorme numero de violência doméstica sobre mulheres é brutal, que a sexualização da mulher continua ainda bastante fora do nosso tempo muitas vezes (concordo que a porra dos realizadores dos jogos de futebol deixem de estar sempre a focar em miudas giras) e acredito que os direitos da mulher precisarão sempre de serem defendidos.
Não deixo que extremistas LGBTQ+ me façam desacreditar na legitimidade dos direitos da comunidade LGBTQ+ e acredito que felizmente as novas gerações vão crescer mais tolerantes que nunca e naturalizar as "diferenças" cada vez mais. Embora a questao da identidade de género me divida acredito que são questões a explorar no futuro e estou aberto a tal.
Enfim poderia estar aqui muito tempo mas acho que já deu para perceber.