Quando o fundamento de um clube como o nosso, para além do ganho desportivo, é também e obrigatoriamente manter-se saudável financeiramente, para assim estar sempre mais perto do desiderato desportivo, torna-se absolutamente incompreensível esta mais de uma década de atraso estratégico nesta área.
Eu não tenho explicação para isto.
Mais, quando quem nos gere está no clube há 40 anos e tem obrigação de antecipar, estar e ver além de qualquer outro gestor.
Mais, quando este mesmo presidente, em meados da década de 80, deu início a um processo claro de desenvolvimento estratégico no clube, a todos os níveis, ao ponto de por essa altura se falar e não apenas falar, mas sim tornar realidade o FC Porto do ano 2000.
Mais, quando este presidente sabe que para nos mantermos permanentemente competitivos em relação aos rivais de Lisboa, neste país miseravelmente centralista, não podemos permitir qualquer margem ou veleidade seja em que área for.
Mais, quando são inúmeros os exemplos em outros clubes nacionais e internacionais.
Não tenho explicação.
Será orgulho, incompetência, ignorância, rotina?
Será a bajulação constante duma ainda maioria de adeptos que desculpam e arranjam justificações para tudo, o que lhe faz perder o correto discernimento sobre a realidade, fazendo-o acreditar estar acima de tudo e todos, a todos os níveis?
Passamos de um clube inovador, avançado no tempo, exemplo estratégico mundial, para um clube afundado financeiramente, atrasado no tempo, atrasado nas decisões, cheio de vícios internos que constantemente o prejudicam - uma espécie de colete de forças permanentemente a si amarrado.
Se me dissessem há 10 anos que o clube estaria na situação financeira e estratégica em que se encontra, com todas as implicações decorrentes, não acreditaria.
Diria que seria wishful thinking de algum benfiquista.