Algumas das dificuldades na construção devem-se mais à falta de mobilidade e capacidade de receber com pressão do setor intermédio e ofensivo.Não concordo com os problemas serem apenas de finalização.
Fase inicial da construção (1ª fase)
Sim, a equipa até consegue circular bola na zona defensiva com alguma tranquilidade, sobretudo contra blocos baixos, mas
A saída a 3 com o líbero não oferece soluções seguras nem consistentes
Falta progressão vertical com critério — raramente há passes que eliminem linhas adversárias
Os centrais têm dificuldade em jogar entrelinhas ou em variar o jogo com qualidade
Muitas vezes, a posse serve apenas para “esconder” a incapacidade de acelerar com intenção
Fase de ligação (meio-campo)
É aqui que o problema se acentua
Pouca presença e mobilidade entre linhas
Falta de apoios frontais coordenados (os médios raramente aparecem como solução de continuidade)
Os alas ou laterais oferecem largura, mas raramente conseguem desequilibrar em zonas interiores
Criação e finalização (último terço) onde o cenário é ainda mais pobre
Poucos movimentos de rutura, pouca variação nos apoios
Mora muitas vezes isolado, a viver da inspiração individual
Falta de criatividade e de presença em zonas de finalização — há muitos jogos em que o FC Porto tem posse, mas não tem perigo.
Depois na parte defensiva a transição defensiva é uma desorganização total
E este é o problema mais gritante da equipa
Sempre que perde a bola em zonas subidas, o FC Porto sofre nas costas.
Há uma incapacidade clara de reorganizar o bloco em poucos segundos, e isso deixa a equipa completamente partida.
Os médios não reagem em bloco, os alas não recuam a tempo, e os centrais ficam expostos num para um (ou pior, em inferioridade numérica).
É assim que já sofremos vários golos e jogadas de perigo.
Linha defensiva alta sem coordenação
A ideia até pode ser "pressionar alto", mas
Os centrais não têm velocidade nem leitura para jogar projetados
Não há coordenação no fora de jogo (ninguém orienta a linha nem temporiza a saída);
O tal líbero (Eustáquio, por exemplo) não tem as capacidades defensivas nem o perfil para fazer coberturas na profundidade.
Resultado? Bolas nas costas, diagonais simples e adversários a isolar-se com frequência.
Falta de proteção ao setor central
A pressão à frente (meio-campo e avançados) é muitas vezes feita à queima e de forma descoordenada, o que deixa:
Espaços entre linhas onde os adversários recebem à vontade;
Jogadores isolados no meio ou nas alas, sem coberturas próximas;
E muitas vezes o FC Porto a correr para trás, com os médios a reboque da jogada.
Um exemplo do golo sofrido no último jogo
O Moreirense sai a jogar a partir do guarda-redes.
Quando o Moreirense sai da primeira pressão, o jogo é imediatamente virado para o flanco do FC Porto.
Aí, o ala está alto, o médio interior está fora da jogada, ficando a linha defensiva completamente exposta
Este padrão já aconteceu anteriormente.
E é sempre a mesma sequência:
Pressão mal coordenada
Abertura nos flancos
Centrais expostos e correria para trás
O mais preocupante é isto
A jogada nasce no guarda-redes e em 4 ou 5 passes põe um jogador do Moreirense na cara do Cláudio Ramos.
Sem dribles, sem magia, sem nada. Só com simples circulação e boas decisões.
Isso explica o que já vimos várias vezes
Não é o adversário que tem de fazer algo extraordinário para nos ferir.
Somos nós que nos organizamos de forma tão frágil em vários momentos de jogo que qualquer equipa com dois médios competentes e um extremo rápido nos rasga.
O principal problema na transição defensiva, apesar de existirem limitações na linha defensiva, surge também mais à frente.
Eu acho que os nossos defesas tiverem que apagar muitos fogos ao longo da época, também falharam mas parece-me que com maior organização e reação à frente estes mesmos defesas têm capacidade para crescer.
O Otávio por exemplo, meteu água aqui, acolá e mais além, mas muito fogo apagou e nunca se escondeu. E o Nehuen na mesma no mesmo registo.