Espremendo tudo até á essência do teu comentário, valorizas mais a forma o clube trata o presidente dos presidentes, que o futuro á sustentabilidade do clube e a sua sobrevivência.
Fazendo a analogia, é o mesmo que teres uma relação de longa duração que está-se a revelar tóxica nos últimos anos pelo desgaste e falta de amor e diálogo do casal, que tu a todo o custo queres manter, pela memória passada de anos dourados onde eram mais unidos que Romeu e Julieta.
Isto quando fazes sofrer todos á tua volta, cada um dos membros do casal, filhos etc.
É essa voto pela gratidão que tentas encapotar e racionalizar que eu não consigo entender que sobreponha-se ao futuro do clube.
Eu já escrevi variados posts a dizer o porquê do sentido do meu voto. Reconheço erros de gestão associados a um estilo de liderança que acha que os homens do futebol se devem sobrepor a contas sãs e pondo a saúde financeira, por essa via, ao sabor da bola no poste.
O Pedro Marques Lopes e o Miguel Guedes trouxeram 2 argumentos válidos para votar Pinto da Costa.
Tão importante como as contas é o posicionamento politico do FCP. Reconheço inteligência ao AVB, mas pelo teor da campanha e por determinadas frases tenho o legitimo receio duma domesticação do Porto ao Benfica estilo Sporting do Varandas.
Neste país não pode haver tibiezas. O AVB depois de eleito, terá uns meses de lua de mel que serão equivalentes ao tempo em que o Porto não mostrar capacidade desportiva para competir.
O Pedro Marques Lopes expressou-o melhor do que eu seria capaz de fazer:
"A instituição FCP não sobreviverá sem um combate politico permanente, sem alguém que entenda a dimensão muito para lá do futebol que este clube representa"
"O FCP tem de ter um homem que levante a bandeira da cidade do Porto e do Norte, um homem que perceba que lutar pelo clube é também lutar pelas suas gentes. Que se não unir estas diferentes realidades voltaremos a ser o clube que éramos antes de Pinto da Costa."
O eleitorado tipico de AVB acha isto conversa do passado. Já não faz sentido esse bairrismo, provincianismo bacoco.
A maior parte viveu e cresceu nas décadas em que o Porto parecia ser o Bayern de Portugal como se esse fosse o nosso destino.
Não é.
Quem tem poder para ser o Bayern de Portugal é o Benfica. Nestes 2/3 anos isso ficou provado. Dou só um exemplo citando Miguel Sousa Tavares:
"O mesmo DCIAP de Lisboa, num caso semelhante como são os vouchers do Benfica, que andou a investigar durante sete ou oito anos, declarou que, o Benfica, ao dar aos árbitros e delegados, um kit que compreendia refeições, bilhetes para jogos e tudo, não havia nenhum tráfico de influências”
“Mas aqui (situação de António Costa, ex-Primeiro Ministro) já considera que há vários indícios de tráfico de influências e corrupção. Gostava de saber que a mesma situação, mas neste caso com ofertas a árbitros e delegados, não constitui tráfico de influências
“Já no caso Influencer, o Ministério Público considera que há fortíssimos indícios, não só de tráfico de influências, mas de corrupção. Por aqui já vemos como… enfim… a conclusão que tiro é que mais vale ser adepto do Benfica do que ser governante, para efeitos processuais"
E há mais. Paulo Gonçalves, Boaventura, Luis Filipe Vieira, não há uma pessoa cujos actos representem o benfica.
O Benfica é maior do que o Porto. Apesar de nestes 42 anos essa diferença ter sido mitigada, muito graças a Pinto da Costa, é importante relembrar essa factualidade que até pode ignorar o tipo de país que temos.
Quem é maior tem mais poder. Isso é lógico.
A isto acresce Portugal. O Regime em todo o seu esplendor.
Em condições normais o Benfica pelo poder natural e pelo poder anormal tem condições para ser o bayern tuga.
Se for bem gerido financeira e desportivamente não precisa de mais.
O Porto para combater isto tem que atuar nessas 2 vertentes e há uma 3ª (o posicionamento politico, a guerrilha, os feios porcos e maus) que tem que coexistir para combater isto.
Pinto da Costa foi sempre muito bom em 2 delas. Desvalorizou sempre a 3ª achando que a locomotiva desportiva a traria por arrasto.
Como o eleitorado de AVB tem gosto em ser moderno, civilizado, do mundo e acha estapafúrdio reviver guerras do passado, temo que o AVB caia na ladainha (ainda ontem se viu quando valou no valor do produto futebol) que é propagandeada sempre que o benfica está em sarilhos.
Crimes do benfica? Isso não é nada bom para o futebol português e para a criação de valor do negócio
Crimes no porto? Tipico daqueles bandidos que só sabem competir assim.
É o posicionamento politico do Porto, o ódio incutido aos jogadores e às suas gentes que fazia o poderoso benfica ter medo de vir às Antas/Dragão.
Entravam aqui e parecia que estavam na selva. Aquele conforto caseiro que eles vivem nas excursões por Portugal tinha aqui um valente STOP.
Desde a chegada do autocarro. Eu lembro-me que a espera do autocarro (nos tempos em que a escolta policial era outra) era obrigatória.
Chainho:
"Nas Antas, o Benfica chegava ao relvado todo borradinho"
Essa é a cultura Porto. Brutos, antipáticos, pouco civilizados. Pode não ser um retrato bonito, mas o inverso estende-lhes o tapete para nos domesticar.
Otavio Machado:
“Se este Benfica que lá vai for igual a tantos outros que lá foram, que quando os jogadores do FC Porto batiam os pitões no cimento eles amedrontavam-se, não tem hipótese”
Mozer:
"o Estádio do FC Porto, os adeptos eram perigosos aquando da nossa chegada" "Não aquecíamos no campo. Aquecíamos num local onde nos atiravam coisas, os adeptos chegavam mais cedo para nos tentar acertar com coisas em baixo. Era esse estilo de intimidação mas era gostoso. Fazia parte"
Esta irracionalidade comportamental, como disse Guterres, não nasceu do vácuo.
Um dos melhores exemplos da era mais recente é o Porto vs Benfica em que eles estavam à beira de conquistar o título no Dragão.
O Fucile expulso, tudo em polvorosa e estádio e jogadores a gritar o "aqui não".
Isto que eu estou a escrever não faz parte do passado. Os comportamentos podem ser diferentes, mas o porquê de eles existirem tem razão de ser.
Quanto ao 2.º argumento ele é mais meu do que vosso.
Nas eleições de 2020 ou até em eleições politicas, sou sensivel à minha percepção do possivel resultado.
Teria votado PdC em 2020 e não o fiz porque achava importante sinalizar (com uma vitória mais magra do que o esperado) o que de mal ocorria no Porto.
Nestas eleições, a narrativa tem sido demasiado honestos vs desonestos, servir o Porto vs servir-se do Porto, democracia vs ditadura, liberdade vs violência. decentes vs mamões.
Podia ser incompetência de gestão, incapacidade de adaptação à escala financeira.
É muito diferente dizer que um redes tem que ir para o banco porque tem frangado do que dizer que tem que sair porque sofre golos de propósito porque está comprado.
É este o cenário actual. Em cada 5 posts que aqui se escrevem, 1 ou 2 insinuam, dizem ou juram que PdC é um ladrão.
E se o AVB vai, inteligentemente, andando nessa fronteira, toda a sua máquina eleitoral implantou com sucesso as narrativas acima.
Se o PdC tem uma empresa de marketing digital como ele tem, ladrão.
Se o PdC financia o Porto a uma taxa de juro maior do que ele acha que vai ter, ladrão.
Isso é falta de respeito e ingratidão.
É neste cenário e neste contexto que eu leio e ouço as palavras do Miguel Guedes. Não é num Cavaco Silva vs Mario Soares para as presidenciais.
É num cenário em que há o risco dum 65 - 35 ou pior depois duma campanha em que o foco não esteve no "já está ultrapassado" ou "está na hora de dar lugar aos mais novos"
O cenário é "Ó Putin ladrão vai para casa que deixaste o clube na merda porque és um bandido"
Se é esse o cenário e se a perspectiva de resultado é a que falei com o Pinto da Costa a perder sim ou sim e com a história a ser gravada com o portismo a correr o bandido PdC aos pontapés, percebo perfeitamente o Miguel Guedes quando diz:
"Não com o meu voto"
Eu gosto muito do Pinto da Costa, mas com o resultado eleitoral não estou excessivamente preocupado porque não há ninguém da sua lista ou fora dela que possa ganhar a AVB em 2028 ou que me entusiasme no tal grau de confiabilidade que referi.
Se o AVB perder em 2024 só não ganha em 2028 se não quiser. Por isso, mesmo que eu pense que o AVB vai desgraçar o clube, não é fulcral ganhar esta eleição porque essa ala pintista não segurará o lugar daqui a 4 anos.
Estando eu conformado com a provável derrota eleitoral, neste momento preocupa-me a dimensão da mesma num cenário em que o que se diz - dia a dia - é que se tem que tirar o ladrão Pinto da Costa do lugar.
É substituir o antigo pelo novo ou refundar o clube, com outra cultura, outro posicionamento politico, outra forma de ser diferente?
Tenho especial consideração por quem percebe o que é representar e defender o Porto neste país. Chama-lhe gratidão se quiseres.
Dou o exemplo do Lopetegui que ao fim de 3/4 meses percebeu quão pantanoso era o futebol português e chegou às conferências de imprensa e comprou guerras com Deus e o Diabo para pôr o dedo na ferida do manto protector.
Por isso, quando o mundo portista festejava exuberantemente o pontapé que levou de PdC, não conseguia dissociar o respeito pelo papel politico que desempenhou, do treinador.
Transportando isto para esta eleição, não concebo ser o escocês que dá um pontapé no William Wallace num contexto em que o portismo replica os argumentos e acusações que ele ouviu dos ingleses, porque nos representou e defendeu, nos últimos 42 anos.
"Não com o meu voto"