JOÃO PINTO PARTILHOU A TAÇA, 28 ANOS DEPOIS
??Capitão de Viena recordou com Miguel Guedes o dia em que o FC Porto conquistou a primeira Taça dos Campeões Europeus?
A primeira conquista europeia do FC Porto, a Taça dos Clubes Campeões Europeus de 1987, foi o tema de uma conversa, este sábado, no Museu do FC Porto, entre João Pinto, o capitão dessa gloriosa final de Viena, e Miguel Guedes, conhecido adepto portista e vocalista do grupo musical Blind Zero. Os dois partilharam as memórias desse dia, no âmbito de um ciclo de conferências e debates, intitulado Um Objecto e seus Discursos por Semana, organizado pelo Pelouro da Cultura da Câmara Municipal do Porto e que coloca personalidades de diferentes áreas a conversar sobre o património da Invicta.
Mesmo passados 28 anos, João Pinto continua incapaz de descrever a alegria que invadiu todos os que contribuíram para aquela conquista. Naqueles primeiros instantes, depois de o árbitro ter apitado para o fim do jogo, não sabíamos aquilo que estávamos a viver, é indiscritível. Prova disso foi a forma como agarrei a Taça e não a dei ninguém. Ainda bem, porque, provavelmente, hoje só seria lembrado por ter usado a camisola dois e não por ter largado a taça. E talvez por causa disso, ela está aqui ao meu lado fechada para que eu não lhe possa pegar, começou por afirmar o eterno capitão, fazendo soltar as primeiras gargalhadas de uma conversa animada que encheu o Museu portista. Como referiu o presidente da Câmara portuense, uma das presenças ilustres, este é também um museu da cidade.
Onde estava naquela noite de 27 de Maio de 1987? É a pergunta que muitas vezes se coloca aos adeptos portistas e que, inevitavelmente, foi lançada a Miguel Guedes. Estava em casa. Tinha 15 anos e foi o primeiro dia em que bebi champanhe a sério, com o meu pai. Acabei essa noite de joelhos, a chorar copiosamente sem acreditar no que estava acontecer, porque era quase um dado adquirido que o Bayern Munique ia ganhar. Lembro-me de ter ido para a Baixa festejar e de me terem roubado a bandeira na festa, naquela que foi a noite mais longa do Porto de que tenho memória. Esta é uma data que está no top três das maiores alegrias da minha vida, recorda o músico portuense.
Para João Pinto, esta, talvez seja a Taça mais recordada e acarinhada do FC Porto. Não só por ter sido "a primeira", mas também por ter sido conquistada por um grupo de jogadores dos quais apenas três ou quatro eram estrangeiros e uma larga maioria portugueses, que jogavam juntos há muito e que transportavam a verdadeira mística do clube, como eram os casos de Fernando Gomes e Eduardo Luís, outros dois campeões de Viena, também presentes na iniciativa.
Esta Taça, defende Miguel Guedes, "pertence também à cidade, que está intrinsecamente ligada ao clube, que fez por ela muito mais do que muitos protagonistas durante décadas. O ADN e a mística do FC Porto são, de facto, um traço de identidade, de carácter desta cidade e desta região, do Portugal que veste de azul e branco, de gente que estima o rigor e o trabalho. E este museu, que é também um museu de arte, conta a história dessa gente, num percurso que mostra uma parte importante do que nós somos, dos afectos, das emoções e da qual a cidade nunca poderá desligar-se, argumentou o músico, logo aplaudido pelos muitos portistas que se deslocaram ao Museu. Marcaram presença, entre outros, o administrador da SAD do FC Porto Fernando Gomes, o presidente da Assembleia Geral da SAD, José Manuel Matos Fernandes, assim como o presidente da AG da autarquia, Miguel Pereira Leite, os vereadores da Habitação e Acção Social e da Cultura, Manuel Pizarro e Paulo Cunha e Silva, respectivamente.
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