BALADA DA TECLA
Bate leve, levemente,
como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
porque só na mulher ele bate assim.
É talvez a ventania:
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma palha mexia
na quieta melancolia
de quem também comia de mansinho...
Quem bate, assim, insistentemente,
na tecla de tão estranha defesa,
do indefensável, de quem mente?
Não é portista, é só insolvente,
nem é sério com certeza.
Fui ver. A mascara caía
do azul cinzento do céu,
azul e branca e fria...
- Há quanto tempo a não via!
E que saudades, Presidente meu!
Olho-a através da fumaça.
Pôs tudo da cor do dinheiro.
Passa gente e, quando passa,
agora quando fala só se embaraça
num qualquer argumento foleiro...
Fico olhando esses anormais
da pobre gente que tinha avença,
e noto, por entre os mais,
os traços antinaturais
de quem tanto fala e não convença...
E murchinhos, doridos...
o tempo deixa ainda vê-los,
primeiro, bem atrevidos,
depois, facilmente desmentidos,
os viuvos, esses camelos!...
Que quem já era mau pagador
sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, a esposa e AVB, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!...
Porque os persegues assim?!...
E uma infinita tristeza,
uma funda obsessão
de fazer de quem não merece a defesa.
e perseguir com indelicadeza
quem realmente tem o clube no coração.