Segredos de um amor sem ilusão
Apaixonados pelo Porto de abrigo de todos nós
Onde, no momento da desilusão
Gritamos até que se nos quebre a voz
Pinga, Hernâni, António Araújo, Correia Dias
Nomes por quem lutais mas não louvais
Memórias que, por muito que sejam fugidias
São intemporais, indomáveis, imortais.
Todos os que contribuiram para o engrandecer
Da inevitável bandeira azul e branca
São dignos da exaltação, do enaltecer
Se o fizerem de emoção franca.
Dia de jogo do Futebol Clube do Porto
A cidade em alvoroço, o povo na rua
Provoca no sol um enorme desconforto
Invejoso do fulgor de uma paixão no reflexo da lua
E é golo do Futebol Clube do Porto.
Prevalece, em todos aqueles que o sentem, a euforia.
Festeja, na cidade, o adepto do Porto,
O adepto de Tavira, o de Santa Cruz, o de Velas, o de Anadia.
Possuidores de um só mesmo amor, que não se descrimine
Juventude apaixonada independentemente da latitude
E, por isso, continuar a seguir o mote que nos define:
Porto, palavra exata, nunca ilude.
Nunca é hora de abrandar.
De criar referências, de alimentar a mística que nos faz diferentes.
Herdamos e havemos de fazer herdar
A razão pela qual ainda somos crentes
De que podemos voltar à glória:
O Portista nunca se resigna ao suficiente.
Lembrando sempre as memórias de uma inefável história
Preparar um futuro construído no presente.
A par do Futebol Clube do Porto, só existe algo
Igualmente eterno, poderoso e inevitável: a mudança.
Aguardemos enquanto, num grande passo, num pequeno salto
Surge a melhor das heranças, o alimento da alma: a esperança!
Que, no ano dos 50 anos de 25 de abril, se faça abril em todo o mês de abril. Viva a Democracia, Viva a diferença de opiniões e a igualdade entre os sócios, abaixo o medo da repressão, abaixo a ditadura. "Ora, vamos acabar com o estado a que chegamos", de maneira que, azul e branca, indomável e imortal, avança a bandeira da democracia.