O MST tem escrito umas coisas interessantes!
Já está montado o cenário para Alvalade por Miguel Sousa Tavares
"Era mais do que esperado: depois de um início de campeonato em que o Sporting, segundo as minhas contas (e de que aqui dei conta então), beneficiou de nada menos do que 7 pontos oferecidos pela arbitragem, à primeira contrariedade, à primeira derrota em que ocorreu um lance duvidoso, eis que os leões caem em cima da arbitragem, não apenas para justificar o desaire, mas também para criar já o ambiente para o próximo Sporting-FC Porto. Está-lhes na tradição e na cultura, não há nada a fazer.
Desta vez queixam-se do jogo do Porto e da não expulsão de Pepe, que tanto jeito daria para Alvalade. Pepe podia, de facto, ter sido expulso ou não, conforme o critério dos árbitros (num jogo europeu dificilmente seria), assim como poderia ter sido considerada faltosa a forma como Morita ganhou a assistência para o primeiro golo do Sporting. Mas eles queixaram-se também do penálti que deu o 1-1 ao Vitória e que, não só acham que não existiu, como ainda deveria ter levado à expulsão do jogador vimaranense Mangas, por simulação e segundo amarelo. Bom, simulação não existiu nenhuma: de cada vez que não há penálti, não é obrigatório que haja simulação. Mas concordo com os sportinguistas quando dizem que nenhuma imagem mostra a falta de Adán: o problema é que também não há nenhuma imagem que a descarte, pois que com o nevoeiro causado pelos foguetes dos adeptos sportinguistas, ninguém conseguiu ver claro. E este ninguém inclui o VAR, que nunca poderia ter visto no penálti assinalado pelo árbitro um "erro grosseiro". A decisão ficou assim nas mãos de João Pinheiro, que estava em cima da jogada e não recorreu a imagens enevoadas. Daqui até chamar a isto "um roubo", como vi afirmar peremptoriamente na televisão, vai, de facto, alguma distância.
Na discussão entrou o próprio presidente do Sporting, com uma curiosa tese: o árbitro, João Pinheiro, não devia apitar jogos do Sporting pois que no passado teria prejudicado o clube; mas o VAR, Hugo Miguel (o responsável pelo maior erro deste campeonato, o golo em offside XL de Paulinho contra o Casa Pia, que valeu 2 pontos), também não deveria poder exercer mais tais funções em jogos do Sporting, pois que estará "condicionado" por esse erro. Ou seja, segundo Frederico Varandas, não podem arbitrar jogos do Sporting nem quem o beneficiou nem quem o prejudicou: restará alguém?
Pior foi quando Ruben Amorim, no final do jogo de Guimarães e totalmente a despropósito, resolveu começar a ‘preparar’ o jogo com o FC Porto. Disse ele que há dois anos, no Dragão, "os nossos jogadores foram agredidos por pessoas à volta do campo. Não admitiremos mais isso. Se tivermos de ir para a confusão, vamos!". De facto, deve andar uma grande confusão na cabeça daquele que quase todos, eu incluído, tínhamos por um cavalheiro nestas coisas. Não houve "jogadores agredidos", houve um jogador a quem atiraram uma cadeira; e a "confusão" foi iniciada por Nuno Santos - um excelente jogador que, se Amorim tivesse colocado em jogo de início, talvez não tivesse perdido em Guimarães.
Com toda esta ofensiva, e em especial com as palavras saídas do nada de Rubem Amorim, a estratégia do Sporting é clara: condicionar e intimidar a arbitragem do jogo de Alvalade e criar, durante e à volta do jogo, um ambiente de crispação e de ódios à flor da pele que aterrorize os adversários ou os faça perder o controle nervoso. Mas às vezes isto acaba mesmo mal - e depois queixam-se do árbitro, dos jogadores ou das pessoas à volta do campo."
Fonte: Jornal Record