Com 15 anos, sem telemóvel, a 50 km de casa, e em sentido contrário que a maioria dos adeptos ia (para autocarros e carros particulares para voltarem a casa), ia armar-me em herói.
Nos anos 2000, com mais sangue na guelra, já ia ter às concentrações de adeptos do FCPorto (para as idas à Luz costumava ser em Alvalade) com adereços colocados e mesmo assim no regresso não deixava de haver bando de nenucos a fazer esperas e emboscadas a grupos menores dos nossos adeptos.
Sabes que estou a brincar. Ou melhor, meio a brincar, meio a sério.
Por um lado, a falta de organização dos nossos adeptos lisboetas deixava-nos a todos mais vulneráveis, no sentido em que acabávamos por estar sozinhos ou em grupos pequenos, que são mais facilmente encarados e confrontados. Acredito que muitas das merdas que aconteceram, não aconteceriam se os grupos fossem de largas dezenas ou centenas, e também por isso a partir de uma certa altura comecei a me misturar com as claques e a sair com elas - especialmente depois da formação do Colectivo - porque já me chegava de sentir gazela em toca de leões.
Por outro lado, obviamente que cada um faz o que acha melhor. Eu saía de casa com o BI, bilhete de autocarro/comboio, bilhete de jogo e 1000 paus no bolso para o que fosse necessário. Roupa extra, bolsa, etc, era supérfluo porque era peso incómodo se por acaso precisasse de correr.
Não sendo uma pessoa violenta, especialmente hoje em dia (embora ainda algo impulsivo), também não era gajo de apanhar e dar a outra face. Aliás, na questão da violência, sempre tive uma opinião muito singular: se me dão uma, levam dez. Essa escalação da situação ajuda bastante a intimidar aqueles que só estão lá para ver e achar piada e permite-te concentrar naqueles que efetivamente querem te saltar à tromba.