Bruno Miguel Duarte Paixão. Este nome está longe de ser desconhecido para os adeptos do futebol e, particularmente, para os adeptos portistas.
A 19 de Fevereiro de 2000, Bruno Paixão - como é conhecido - acabava de se estrear nestas andanças e já era o principal protagonista de um célebre Campomaiorense-FC Porto, jogo que ficará eternamente marcado na nossa memória colectiva. O resultado final (derrota por 1-0) foi mantido até ao final após um golo anulado sem explicação e sucessivos penaltis por marcar. Um verdadeiro festival: 4 flagrantes, no total, dizem as crónicas da época. Na prática, sempre que o FC Porto criava uma ocasião de golo, dentro ou fora da área, lá surgia o derrube de Jardel e Domingos tolerado por Paixão. A missão de impedir um FC Porto pentacampeão de atingir o hexa foi alcançada. Em Campo Maior perdemos a liderança e o desfecho do campeonato começou ali a ditar-se.
17 anos passaram desde aquele que ficou conhecido como o Assalto de Campo Maior e as arbitragens manhosas de Bruno Paixão em jogos do FC Porto sucederam-se. Nenhuma tão escandalosa como a primeira, é certo, mas todas para nosso prejuízo.
É por isso que ninguém pode ter ficado surpreendido com as revelações de ontem, no Universo Porto da Bancada. A implicação de Bruno Paixão na teia do BenficaGate é apenas a confirmação definitiva de algo que, há muito, sabíamos: Bruno Paixão foi e é um árbitro afecto ao Regime.
A 9 de Março de 2014, Nuno Cabral, à data delegado da Liga (oficialmente) e intermediário do Benfica na relação com árbitros (oficiosamente), enviou para Paulo Gonçalves, assessor jurídico da Benfica SAD, uma conversa que tinha tido com "Miguel Duarte", que é nada mais nada menos do que o nome que Bruno Paixão utiliza no facebook.
Nessa conversa, Bruno Paixão fornece detalhes das ocorrências do Tondela - Benfica B (2-0) do mesmo dia [Sim, naquele jogo estava tudo em família], queixa-se do delegado e ainda dá sugestões ao Benfica: O SLB tem de ter pessoas na linha do sheu.
- Nuno Almeida, Vasco Santos, Bruno Esteves, Manuel Mota, Jorge Ferreira, Rui Silva, Hugo Pacheco e Paulo Baptista.
Foram estes os 8 árbitros inicialmente identificados com pertencendo à rede de influência do Benfica. Padres ordenados e escolhidos, num eventual esquema de influência que o clube montou para seu proveito.
- João Pinheiro.
Foi o nome que se juntou ao grupo há uma semana. Quando estava insatisfeito com as classificações, Pinheiro recorria ao Benfica, a quem enviava documentação por intermédio de Nuno Cabral. Um caso em tudo semelhante ao de Marco Ferreira, que depois de ser despromovido pediu para reunir com Luís Filipe Vieira, no Estádio da Luz, a quem solicitou esclarecimentos.
Bruno Paixão é o mais recente caso. A somar-se a todos estes, temos ainda a recolha e documentação por parte do Benfica de informação detalhada sobre a vida íntima de árbitros, cujos envolvidos Francisco J. Marques optou por não nomear publicamente.
A trama do maior escândalo de sempre do futebol português adensa-se. A investigação está em curso na Unidade Nacional de Combate à Corrupção da Polícia Judiciária.
Na mesma competição em que, jogo após jogo, Pizzi, Filipe Augusto e o inefável Eliseu escapam ao cartão, Óliver Torres é punido por "pedir um cartão amarelo para um adversário, fazendo-o de forma gestual."
Foi isso mesmo que acabamos de perceber através da divulgação do relatório do Braga - FC Porto pela Federação Portuguesa de Futebol. Recordemos: o protesto de Óliver sucede uma entrada de sola, violentíssima mas ignorada pelo videopadre Bruno Esteves, de Fransérgio sobre Corona.
Esta diferença de critérios - gritante, mesmo para um leigo - é apenas mais uma aberração do futebol português. De um lado temos os jogadores do FC Porto e de outros clubes, que estão impedidos de se manifestar, mesmo que gestualmente. Do outro os jogadores do Benfica, inimputáveis, cujas manifestações sistemáticas com cotovelos e pontapés são toleradas pela arbitragem, pela videoarbitragem e pelo Conselho de Disciplina.
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https://twitter.com/d20fernandes/status/902941638707871745