Nem eu defendo isso.
A minha primeira casa em Lisboa, em 99, foi um T1 com uma renda de 50 contos. A inflação também funciona, como deve funcionar, na habitação.
As remunerações passaram ao lado da inflação. E se Portugal já partia de uma situação de desvantagem relativamente ao resto da Europa neste âmbito, ainda ficou pior. Desde logo, há algo que deveria ter sido implementado em Portugal há anos, que já existe em vários países europeus, que é a indexação automática dos salários à inflação. E, com visão política, essa indexação não deveria sequer ser de 1.00, mas de 1.50 ou 1.75, para garantir maior poder de compra e uma aproximação, pelo menos, a Espanha.
Voltando à questão da habitação, não se trata de retirá-las aos seus donos, mas sim de termos programas de estímulo para a sua reabilitação, de forma a voltarem ao mercado de habitação. Exatamente porque muitas famílias não têm capacidade de investimento para as reabilitar. O mercado, depois, ajusta-se. Os valores são sempre crescentes porque a procura é demasiada para a oferta. Com maior oferta, haverá equilíbrio e estabilização. Esta é uma crise generalizada na Europa, mas, neste momento, os preços em Lisboa estão ao nível dos de Berlim ou Amesterdão, onde os residentes têm uma taxa de esforço até três vezes inferior.