Sou um apoiante da causa Palestiniana mas acho que notícias diárias só ajudam a criar indiferença. Infelizmente todos funcionamos assim, habittuamo-nos a tudo, até à barbarie. E o hábito gera a indiferença. E tb dou alguma razão ao
@SUPERMLY, há muitos outros conflitos pelo mundo que tb não são noticiados, não nos podemos queixar muito de falta de cobertura comparativamente.
Eu já não concordo muito com isso. Não acho que ajude a criar a indiferença, ajuda sim é a moldar opinião. Quase todos os meios de comunicação são detidos por grandes grupos económicos com os seus próprios interesses, agendas e uma lógica de mercado.
Durante meses seguidos tivemos horas e horas de programas dedicados à invasão da Rússia à Ucrânia. Isso não gerou indiferença, bem pelo contrário, criou uma opinião muito forte nas pessoas. Se recuarmos no tempo e formos até à invasão do Iraque, tivemos as mesmas horas e horas de programas e noticiários a explicarem-nos porque é que era importante os EUA invadirem o Iraque na luta contra o terrorismo, a ameaça que pairava no mundo, as armas de destruição maciça de Sadam Hussein, e por aí fora.
Não existe uma cobertura diária e rigorosa da agressão do estado de Israel ao povo Palestiniano porque isso ia gerar uma reação nas pessoas e moldar a opinião pública contra Israel. E também porque muitos dos grupos de Media portugueses e europeus recebem bom dinheiro de instituições pro-Israel.
Naturalmente que existem conflitos que não recebem a devida cobertura mediática, sobretudo em África, mas não há nada sequer parecido ou que se aproxime às atrocidades que durante 1 ano e meio foram cometidos em Gaza. E, portanto, vemos uma desproporcionalidade muito grande, por exemplo, com coberturas dadas a determinados acontecimentos em comparação com o que se passa em Gaza que não teve nem sequer 1/10 da cobertura mediática que devia ter tido. Foi 1 ano e meio quase seguido de bombardeamentos constantes a hospitais, incluindo hospitais que tratavam pacientes com cancro, onde mais de 10 000 civis ficaram sem tratamentos. Uma quase total ausência de notícias sobre o bloqueio de Israel a Gaza que levou à morte por hipotermia de um número muito grande de pessoas, incluindo crianças. Milhares de amputações a crianças sem poderem recorrer ao uso de anestesias. Médicos a serem assassinados a sangue frio e outros, incluindo cirurgiões pediátricos, a serem levados para prisões em Israel onde foram violados e torturados. Funcionários da ONU assassinados. Camiões com ajuda humanitária impedidos de chegar a Gaza, outros bombardeados. Centenas de vídeos de pessoas a serem incineradas, incluindo pacientes de hospitais aos berros enquanto eram queimados vivos. E isto é apenas uma pequena parte dos horrores vividos em Gaza durante o último ano e meio.
Aliás, basta fazermos um exercício simples. Comparar o tempo que se deu aos horrores do 7 de Outubro de 2023 nos ataques do Hamas com o tempo de antena dado ao ano e meio de genocídio.