Percebo o que dizes mas os nossos LDs são mesmo muito fraquinhos. O João Pinto ainda serve para suplente, o Maga ja nem sei se serve para isso. Os 2 claramente nunca na vida nem a B chegam. E prefiro ter outro lateral ou mesmo o Filipe na direita doq ter que jogar sempre 1 destes 2. A outra solução seria promover um LD dos sub-17 mas não os conheço por isso não comento se é ba ideia ou não.
Estás a pensar “pequenino”, mais uma vez repito que a utilização recorrente de defesas-centrais adaptados ao corredor direito não se revela a solução mais adequada, sobretudo tendo em conta o perfil competitivo da equipa e o grau de exigência do contexto. As experiências anteriores demonstraram prestações globalmente sofríveis, algo expectável atendendo às características naturais da posição: lateral-direito exige mobilidade específica, agilidade nos apoios, capacidade de aceleração, leitura de jogo em largura, participação consistente nas fases de construção e projeção ofensiva, bem como competência nas transições defensivas em zona lateral. São dimensões que dificilmente encontram correspondência plena em centrais de raiz, naturalmente mais talhados para um jogo interior e menos expostos a situações de 1x1 em espaço aberto.
Neste enquadramento, importa referir que ambos os laterais-direitos disponíveis reúnem atributos e histórico competitivo que legitimam a sua utilização.
No caso de Rafael Magalhães, classificá-lo como um atleta “fraco” não encontra sustentação factual, revelando antes desconhecimento do jogador e do seu percurso. Trata-se de um atleta com passagem por contextos seletivos relevantes — Seleção AFP (Lopes da Silva), internacionalização nos escalões Sub-15 e Sub-16 — tendo inclusive superado uma lesão de gravidade considerável sem que isso limitasse a sua capacidade competitiva.
Relativamente a João Pinto, a avaliação depreciativa também não se justifica. Apresenta identidade competitiva clara, forte intensidade, compromisso tático como o seu pai “ADN” competitivo bem vincado.
Resumindo, existem laterais-direitos de raiz, com qualidade comprovada e com histórico de rendimento, plenamente aptos a ocupar a função. A insistência na adaptação de centrais à posição não tem correspondido às necessidades do modelo de jogo nem aos padrões de eficácia desejáveis, pelo que, do ponto de vista técnico e de desenvolvimento desportivo, a aposta coerente recai naturalmente sobre os laterais de origem.
Acresce ainda que a gestão competitiva destes jogadores, marcada por uma constante “despromoção” ao mínimo erro ou a uma prestação menos conseguida, não contribui para o seu desenvolvimento sustentado. Tal dinâmica afeta negativamente o crescimento do atleta em três dimensões essenciais na Formação: físico, mental e tático. Em termos físicos, limita a continuidade de estímulo competitivo adequado; no plano mental, potencia insegurança, receio de errar e perda de confiança; e, do ponto de vista tático, impede a consolidação de rotinas, maturidade de decisão e evolução dentro do modelo de jogo.
No meu entendimento, a Formação do FC Porto deveria repensar esta abordagem. A formação de jogadores exige continuidade, estabilidade emocional, responsabilidade progressiva e confiança no processo. A cultura de substituição rápida perante qualquer oscilação de rendimento tende a penalizar mais o potencial do atleta do que a corrigir lacunas, condicionando aquilo que deveria ser um percurso de evolução gradual, exigente, mas devidamente sustentado.
Esta realidade não se circunscreve apenas aos atletas em questão; pelo contrário, trata-se de uma situação transversal a vários jogadores do plantel formativo. A oscilação constante entre oportunidades e penalizações imediatas perante o erro cria um contexto de instabilidade competitiva generalizada, que impacta negativamente diferentes perfis de atleta. Quando este padrão se torna recorrente, o risco deixa de ser individual e passa a ser estrutural, afetando a consistência do processo de desenvolvimento global da equipa e comprometendo a capacidade de evolução coletiva e individual a médio prazo.