Só conhecemos a versão ocidental e vencedora da história.
Não conhecemos a versão japonesa sobre as bombas atómicas em Hiroshima e Nagasaki, nem a chinesa sobre a Revolta dos Boxers, nem a russa sobre o cerco a Leningrado, entre muitos outros acontecimentos históricos.
Ao fim e ao cabo a nossa história é apenas um corpo de relatos e documentos legitimadores da nossa civilização em detrimento de outras civilizações/sociedades com as quais nos relacionamos/confrontamos.
Os eventos passados são quase sempre estudados e analisados de forma a que nós ocidentais (ou portugueses) fiquemos bem na fotografia ou pelo menos nos possamos desculpabilizar do muito mal que fizemos.
A história ocidental, tendo em conta todo o passado europeu de conquistas, colonização, exploração, escravatura, do resto do mundo, tem de executar muitos malabarismos para conseguir moralizar tantas violências e tanta ganância sobre todos os outros povos do mundo.
A historia não é para ser moralizada, sobretudo de forma presentista, nem usada como um tropo político/ideológico.
A história é toda ela feita com muita violência e ganância, conquista, morte, opressão, e não é só a ocidental, é toda, das civilizações mais relevantes para a cultura ocidental como os Gregos e os Romanos, como para sociedades medio e extremo orientais, como sumérios, acádios, babilónios, assírios, persas, egípcios, cushitas, hititas, os vários reinos e impérios do sub-continente indiano, os vários reinos, impérios e sub-impérios da história da China e do Japão, e as várias civilizações pré-colombianas, Aztecas, Maias and so on.
Simplesmente se tenta colocar olho mais à ocidental por questões ideológicas, para autoaversão objetivada, ou dourar da pílula objetivado.
Assim como num passado esteve muito presente esse dourar de pílula numa forma de conformar sentimentos de nacionalismo exacerbado (e por vezes existe num sector político extremo de uma ala) num presente existe também um exacerbado autonojo e autovilanização exclusiva, (neste caso modalidade do outro extremo ideológico).
Eu prefiro assim a realidade nua e crua, existiu de tudo, e assim foi porque era relativo ao contexto das épocas históricas.