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Joel de Sousa
Anselmi falou no ano passado e falou bem.
Mas, ao olhar para trás, há uma realidade que não o deve induzir em erro: conquistar três campeonatos em sete anos, como Sergio Conceição conquistou, está muito aquém da exigência que sempre caracterizou o FC Porto.
Nos últimos tempos, tentou-se vender a ideia de que esse registo seria um feito extraordinário, digno do “melhor treinador da história” do clube. Mas qualquer portista que conheça verdadeiramente a identidade do FC Porto sabe que essa narrativa não faz qualquer sentido.
No Dragão, sempre se exigiu mais e melhor. E relativizar desempenhos medianos só enfraquece a cultura de vitória que fez do FC Porto o gigante que é.
Se Anselmi quiser realmente entender o que significa exigencia no FC Porto, basta olhar para Jesualdo Ferreira. Venceu três campeonatos consecutivos e, ainda assim, quando falhou o quarto, saiu.
Essa sempre foi a bitola do clube. O FC Porto não se pode dar ao luxo de aceitar ciclos de rendimento abaixo do esperado como se fossem grandes conquistas.
Naturalmente que Anselmi entrou num projeto a meio, num momento complicado e terá a margem que, por exemplo, José Mourinho teve.
Porém, a próxima época será um verdadeiro teste. A fasquia estará (e tem de estar) no topo. Anselmi tem a responsabilidade de devolver ao FC Porto a hegemonia e recolocar o clube no lugar que lhe pertence: no topo do futebol português. Taças da Liga e Supertaças podem ter o seu valor, mas nunca deveriam servir para encher o nosso reservatório de glória. No Dragão, apenas campeonatos e grandes conquistas fazem a diferença.