O que estamos a testemunhar não é normal.
Em primeiro lugar, acredito que André Villas-Boas é competente, e a sua carreira é uma prova disso. Ele cercou-se de profissionais ainda mais qualificados, como as suas trajetórias demonstram. Desde as modalidades ao futebol, passando pelas áreas jurídica e financeira, até à fundação e outros órgãos, temos uma equipa de gestão que é, sem dúvida, das melhores que poderíamos ter.
O plantel pode não ser tão icónico como o de 2004, 2011 ou a colheita de 2013, mas também não é tão fraco quanto aquele herdado por Mourinho de Octávio Machado ou Paulo Fonseca. Temos uma equipa que, individualmente, é inferior à do Sporting e do Benfica (especialmente agora sem o Nico), mas que é claramente superior a todas as outras da nossa liga.
Vítor Bruno não parecia ser um predestinado, mas, em determinado momento, conseguiu extrair rendimento dos jogadores. No entanto, a situação foi-se deteriorando, tornando-se insustentável. Fisicamente e psicologicamente, a equipa perdeu-se. Com Anselmi, parecia que teríamos um novo ânimo, uma nova alegria, mas já se começa a sentir a desconfiança. Ontem, vimos várias transições defesa-ataque bem executadas (algo que, para mim, é novo e escasso), mas que esbarraram em erros impensáveis de Mora, Samu e, claro, Gonçalo. Criámos boas movimentações, mas a falta de confiança, o medo de falhar e a incompetência impediram-nos de concretizar. Os ajustes ao intervalo não surtiram efeito, e o Vitória, numa única transição, mostrou-se destemido, sem cometer erros. Conseguiu marcar, mas, felizmente para nós, havia fora de jogo. A equipa melhorou e finalmente chegou ao golo. E que grande golo! O Vitória, sem grande esforço e sem grandes artifícios, aproveitou a nossa ingenuidade e fragilidade para nos gelar o coração.
O que se passa? É Anselmi? É falta de confiança? É uma questão física? Mental? Ou até metafísica? Estamos em março e ainda não conseguimos vencer no Dragão. É verdade que há jogos em que falhamos dois penáltis e uma recarga escandalosa no último minuto, mas também há uma evidente falta de jeito.
A equipa perdeu a fé, a confiança e a calma. Vejo apenas duas opções:
Ou AVB vem a público admitir que a época está perdida e declara que entramos numa pré-época para o Mundial de Clubes, aliviando a pressão competitiva, mas alertando que, nesta fase, se decidirá quem tem os atributos para continuar a vestir a nossa camisola. Aproveitando ainda para experimentar jogadores da B na equipa principal e despromover a evidente falta de qualidade para a equpa B; ou então, alugamos o estádio do Bessa e deixamos o Dragão descansar até ao final da época, porque ganhar lá não será fácil.