Jorge Costa chutou o balde
Neca guarda relação de trabalho fantástica com o agora diretor do futebol profissional do FC Porto
Neca tem uma experiência muito forte com Jorge Costa. O tempo passado em Faro ao lado do agora diretor-geral do futebol do FC Porto deixou marcas inestimáveis. “Quando ele chegou, só o conhecia de o ter defrontado, de termos sido adversários e de algum estágio da Seleção. Não tinha muita confiança e sentia dificuldades em falar com ele nos primeiros dias. Vinha tudo desse respeito, do que ele foi como jogador. Mas logo me pôs à vontade e vi alguém totalmente diferente da imagem que tinha do adversário enquanto jogador. Posso dizer que foi das melhores pessoas que apanhei no futebol. Calmo, divertido, ponderado e observador. Os jogadores gostam dele, porque apoia-os muito e faz questão que sintam isso. Apesar dessa tranquilidade, quando tinha de falar alguma coisa, a sua voz e presença metia toda a gente em sentido. É de uma liderança leal e verdadeira, tudo o que transmite é verdadeiro e sentido. Sempre vi os jogadores a darem tudo por ele. Gostei muito de o conhecer”, evidencia, ciente do apelo transcendente do FC Porto.
“Ele adorava estar no banco como treinador, mas também percebo que não podia dizer que não a uma chamada do presidente do FC Porto. Interrompeu a profissão, mas está no clube do coração; o coração falou mais alto, ele tinha de aceitar e, seguramente, é alguém que vai passar toda a mística do FC Porto”, confia Neca, recuperando um capítulo da força e do caráter do treinador.
“Tem um passado que fala por si, um amor pelo clube que todos reconhecem. Vai saber passar tudo o que importa a quem trabalhar com ele. Todas as semanas tínhamos coisas divertidas no Farense, que ficam marcadas na memória. Mas vou lembrar um jogo em que estivemos muito mal na primeira parte. A equipa não tinha sido aquilo que ele queria; ao intervalo, no balneário, ele esperou que todos se acalmassem e parecia que ia falar normalmente, porque nunca foi de levantar a voz ou intimidar. Bastava só a sua presença para meter respeito e calar toda a gente. Nesse dia, ele chega, os jogadores estão sentados, e de repente sai um caixote do lixo a voar com um pontapé dele. Era lixo no ar a voar por cima das cabeças. Houve algum pânico, porque não era habitual. Aconteceu porque ele não se reviu em nada do que vira em campo. Fiquei admirado, nunca tinha visto uma atitude daquelas, mas os jogadores sentiram que tinham de mudar a história do jogo e, com outra atitude, deram a volta. Durante a semana já nos rimos um bocado mas, na altura, foi inesperado e caricato”, recorda Neca.