Largos dias tem sete anos, afinal. Não são sete meses. Sete anos é quase o mesmo tempo que tenho de casado, e quase o dobro da idade da minha filha.
Divergimos muito tu e eu, Sérgio, neste tempo. Eu com todo o meu conhecimento de treinador de bancada e de FM. Fui dos que mais te criticaram neste período cá no fórum. Defendi que devias ter saído depois do título contra os lagartos na pandemia e depois no título no lumiar. Quase sempre fui contra o teu futebol bruto e baseado na força e na fé. No correbol. Mas, acima de tudo isto, não posso ser hipócrita em não reconhecer a tua importância. E também não posso nunca deixar de te reconhecer como um dragão como todos nós.
Defendi que onze títulos em sete anos deveria ser o normal num clube como o nosso. Mas também reconheço que ninguém o fez. E possivelmente ninguém o faria senão tu neste período. Não alinho com o discurso das vacas magras, não senhor. Mas sei bem que esta casa esteve sempre a arder. Muitas vezes foste gasolina, mas muitas também foste a água que apagava o fogo e segurava a estrutura. Poucas pessoas no mundo encarariam este desafio. Foste o homem certo para o trabalho neste tempo.
Peço desculpas das vezes em que duvidei do teu caráter. Excedi-me como qualquer treinador de bancada. Até deste motivos, mas deve-os ter e cabe a mim ter a empatia de vê-los. PdC foi teu segundo pai e muitas vezes não viramos as costas à família, não é mesmo?
Família. Ficaste até quando adeptos atacaram a tua, não é mesmo? E não foi com palavras. Como duvidar do caráter de um homem que fica após algo deste tipo?
Reconheço o teu coração azul e branco, o teu portismo, o teu amor pelo símbolo, pela cidade, todo o sentimento que carregaste. Não é qualquer um que ao ganhar um título no salão de festas ou meter chapa cinco no rival que preocupa-se em bater no símbolo e no peito, não como demonstração de ego, mas elevando e demonstrando o teu amor por um emblema. Foda-se, somos muito mais que um emblema.
Durante MUITOS, caralho, foram tantos mesmo, enfim, durante MUITOS momentos fizeste-me passar raiva. Ter azia. Mas durante tantos outros fomos felizes. Sete anos. Já falei que isto é mais quase o dobro da idade da minha filha? Puta que nos pariu, como passa o tempo.
Muito obrigado. Por tudo, de verdade. Inclusive pelos momentos menos bons. Pelas divergências. Mas principalmente por aquilo que nos une: as vitórias do Futebol Clube do Porto.
Que sejamos felizes, todos nós. Tu enquanto um treinador de sucesso por onde passares. E nós enquanto adeptos do Porto. É, nós dois, tu e eu. Porque ambos sabemos que és um de nós.
Boa sorte. Viva o futuro. E viva o Futebol Clube do Porto e do Povo.