Amanhã vai ser o seu jogo número 378 no comando técnico do FC Porto, pode ser o último, de alguma forma essa possibilidade passou-lhe pela cabeça durante a semana?
"Passou, para ser sincero passou, mas o mais importante é amanhã o jogo da taça. Sobre o meu futuro, o meu futuro não está dependente de nenhuma conversa, quem decide o meu futuro sou eu. E se o meu futuro for sair do FC Porto, é com um sentimento de imensa gratidão e de dever cumprido, ou seja, o meu sentimento é de que estive na altura da exigência do FC Porto, como estive habituado. Quando o meu pai me deixou à frente do FC Porto no Estádio das Antas, e por falar nisso, eu naquele momento tive a sensação de que tudo era imenso, tudo era enorme, eu nunca tinha saído da minha aldeia, tinha ido para Coimbra estudar, mas ia e vinha no mesmo dia. E entrar numa cidade como o FC Porto e estar à frente de um estádio como o das Antas foi inacreditável, o sentimento que eu tento hoje é exatamente isso, de dever cumprido, se tiver de sair, porque sou eu que vou decidir. Voltar nestes sete anos a ter a hegemonia do futebol português o FC Porto, porque esteve quatro anos sem ganhar nada antes de eu chegar aqui. Saber que em três anos de fair-play financeiro, dois anos de pandemia e este ano muito atribulado com as eleições, nós conseguimos ganhar tantos títulos como os nossos dois rivais.
Eu sempre digo, para ter contrato no FC Porto, onde o contrato não faz o jogador nem o jogador, ok, e se o meu caminho no FC Porto me biforcarem, se posso dizer assim, se me biforcarem, eu saio com a mesma dignidade que entrei, ou seja, amanhã, se for o meu último jogo, o FC Porto paga-me até ao dia de amanhã e eu vou embora sem nada, porque isto fez muita comichão. Eu sou o Sérgio Conceição, não sou o Sérgio Comichão, e, portanto, isto fez muita comichão a muita gente, eu vou embora sem levar um tostão, pagam-me até ao dia em que eu trabalhei, com a mesma dignidade com que eu entrei, aquela com que eu saio. Foi muito falado, para antecipar aqui alguma ou outra pergunta, aquilo que foi a minha assinatura dois dias antes das eleições, é fácil, porque há uma das características que eu não abdico, é inegociável para mim, pela pessoa que tem mil e tal títulos no clube e por quem me trouxe para aqui com 15 anos. A partir desse momento, os nossos caminhos dividem-se, nem um tostão do FC Porto, e que fique claro isto. E desculpem esta resposta tão longa, estava aqui e tinha de a soltar e achei que tinha de ser hoje, não sei porquê."
Do que é que não abdica para continuar no FC Porto, que condições para si são inegociáveis?
"Sobre isto, está falado. Jogo com o Sporting, jogo de amanhã, a final, isso é que é importante.'