Tenho a dizer que qualquer pessoa que estivesse atenta ao comunicado inicial e às declarações públicas percebiam que o foco da candidatura da Lista A estava todo no "temos o licenciamento da UEFA para jogar nas competições europeias".
1. É falso que o FC Porto tenha incumprido as regras do Fair Play Financeiro da UEFA ou que esteja em risco de incumpri-las no final da época.
(aqui a estratégia foi responder a uma acusação fictícia e não à real)
2. As novas orientações de sustentabilidade financeira da UEFA reportadas a 15 de janeiro foram integralmente cumpridas a 9 de fevereiro.
Aqui o segredo que desvendava o mistério estava na palavra "novas".
Porquê "novas" reportadas pela UEFA a 15 de janeiro? Para não falar das "antigas" que obrigaram a UEFA a reportar "novas".
Pelo caminho ainda se deu a noticia do "vejam como fomos rápidos a cumprir".
3. A 31 de março, no momento da avaliação das condições de licenciamento para participação nas competições da UEFA de 2024/25, a FC Porto, Futebol SAD cumpria todos os requisitos, pelo que já recebeu a licença para participar nas provas europeias da próxima temporada.
(aqui a estratégia é desviar o foco para um assunto que a noticia do Record nunca tinha posto em causa).
A ideia foi sempre "não olhem para isso" , "está tudo bem com a UEFA", "cumprimos as instruções de janeiro", "tivemos o licenciamento em março".
Se reparares, as primeiras declarações publicas (Pdc) concentram-se no comunicado e tentam seguir a mesma estratégia respondendo sempre ao que gostariam que fosse perguntado e não ao que estava implicito "falharam em dezembro", "quais as repercussões dessa falha de dezembro".
A minha opinião sobre o assunto é que mais do que o incumprimento de dezembro (que até podia ter motivos aceitaveis e entendiveis se convenientemente explicados) o que tudo isso revelou foi a incompetência de quem liderou a campanha eleitoral da lista A.
Sabiam do incumprimento, sabiam que a lista opositora sabia do incumprimento (AVB publicita a ida do Fernando Gomes à UEFA e uma lista de perguntas à SAD semanas antes da noticia do Record) e em vez de controlarem a narrativa antecipando-se a um ponto extremamente negativo optaram por ficar como "sitting duck" à espera que o opositor pusesse a noticia (verdadeira) cá fora no momento em que lhe fosse mais conveniente.
Não satisfeitos com esse amadorismo estratégico, ainda escrevem um comunicado como se a maioria dos sócios do FCP tivessem um QI reduzido e não percebesse que o que estava escrito acabava por ser uma confissão da veracidade da acusação.
Publicamente ainda esticam essa corda até ao limite. Só na ultima entrevista (ao Porto Canal) é que PdC muda um bocado a linha para um "não sei se vai haver multa ou não"-
Eu sei que o que te importa mais é o "Pinto da Costa mentiu aos sócios" e a "vergonha do incumprimento".
O mentir não me faz tanta confusão. Fê-lo varias vezes e espero que AVB tb o faça estrategicamente.
Neste caso a mentira servia apenas as possibilidades da sua reeleição e vou tomar como benigna essa consequência partindo do pressuposto em que considerava ser o melhor para o Porto.
O tipo de mentira e a forma como mentiram preocupou-me mais porque era um sinal de incompetência que eu podia extrapolar para outros campos.
Como é que alguém escreve um comunicado daqueles? Acham mesmo que aquilo resultaria?
Como é que alguém sabe que o seu temivel opositor tem conhecimento total dum telhado de vidro e fica paralisado durante semanas sem tentar minimizar/controlar a narrativa?
Estes sinais preocuparam-me mais (em momento prévio do meu voto) do que os episódios em si mesmo.
Se a pergunta era: "votaste sabendo/pensando isto?"
A resposta é "sim". Não fui enganado.