Nao.
Mas a cronica de hoje do escritor Alvaro Magalhaes parece me , merece leitura (OJOGO).
aproveito para colocar aqui o texto na integra para quem quiser ler. Pode ter alguns erros que não estão no texto original já que apenas formatei uma imagem pdf para texto e coloquei aqui:
A treze dias das eleições mais importantes da história do FC Porto, os dois grandes candidatos estão no auge das suas campanhas, excepto, claro. Pinto da Costa, que sempre disse que não fazia campanha. Há dias, quando um jornalista lhe pediu um balanço da campanha em curso, encolheu os ombros, como quem pergunta «Qual campanha?» e mandou-o falar com quem tratava disso, ele tinha coisas mais importantes para fazer.
E enquanto fazia essas coisas mais importantes, lá foi dizendo que os árbitros estão a prejudicar a equipa desde que apareceu a candidatura deAndréVillas-Boas. Também acusou o seu opositor de ter desviado Kevin De Bruyne para o Chelsea, de ir a uma exposição de carros quando a equipa estava numa final, até de ter tentado um acordo secreto com os SuperDragões. Por fim, acusou-o de dividir os adeptos, quando essa divisão é a expressão democrática da vitalidade do clube, ou seja, uma virtude e não um defeito. Só ainda não oculpou das alterações climáticas, mas ainda vai a tempo. E quando não está a acusá-lo ou a culpá-lo de qualquer coisa, está a minimizá-lo, tratando o por Luis André, ou a sacudir a sua paternidade futebolística, com a elevação habitual:
« Vai chamar pai a outro!». Ficamos a pensar: olha se eleestivesse a fazer campanha! Aliás, só num contexto eleitoral se percebe o entusiasmo com que cavalgou a goleada ao Benfica, ainda por cima tendo o cuidado de esclarecer que se tratou de um feito superior ao do tempo de Villas-Boas, o que é quase infantil: «O meu 5-0 é melhor do que o teu». E o mesmo vale para os elogios à competitividade de uma equipa que - diz ele - poderia ganhar esta Champions, se não fossem os malditos penáltis. Mas onde está a competitividade de uma equipa que conseguiu perder três vezes com o Estoril, na mesma época, está a quinze (podem ser dezoito) pontos do Sporting, a oito do Benfica, e vai acabar o campeonato a lutar pelo terceiro lugar com o Braga e o Vitória, falhando a próxima Champions?
Também disse que não usava Sérgio Conceição como trunfo eleitoral e não se cansa de garantir que o treinador continua se ele for reeleito e sai se vier outro presidente, enquanto o próprio Conceição muda de assunto quando lhe falam nisso. Fica evidente que se trata de um «bluff». Talvez o maior erro do presidente nesta campanha que diz não estar a fazer seja o de subestimar a inteligência dos adeptos.
Por fim, há aquela montanha de promessas que coincidiram com acampanha, como a construção à pressa («Já lá estão as máquinas», diz o presidente) de uma academia, mais um novo pavilhão para as modalidades, equipas de futebol feminino, futsal, até de surf, e melhorias do «scouting», da formação, da relação com os sócios, e ainda a reestruturação da divida e capitais próprios positivos. Até o fim daqueles prémios obscenos aos administradores.
Não há como uma oposição á altura para acendera fúria construtora, o empreende- dorismo, a saúde financeira, a transparência, o ecletismo, o respeito pelos sócios, até o desapego pelos bens materiais. Ai, Villas-Boas, que chegaste atrasado dez anos ou mais!
Texto de Álvaro Magalhães, no O'Jogo