Muito obrigado pelas palavras, amigo. Agradeço-as de coração.
E sim, trata-se de uma paixão imensa, profunda como o mar, daí uma das razões para o meu nick ser o que é.
Infelizmente a vida por vezes mete-nos "obstáculos" no caminho aos quais não conseguimos fugir, mesmo que quiséssemos e adorássemos seguir outro rumo.
Para clarificar as coisas um pouco mais, no meu caso de há quase 5 anos para cá foi a doença da minha mãe (tipo raro de demência que a tornou completamente dependente) que me levou, aos poucos, a ir diminuindo a minha participação por aqui (mesmo que me seja algo precioso para ir mantendo a ansiedade, cansaço físico e mental e sanidade em níveis manejáveis).
Antes do Natal, como se não tivesse chegado a demência, o isolamento e perda de familiares durante o período do COVID, o meu pai com 84 anos sofreu uma queda que lhe fraturou uma vértebra e obriga a usar um colete protector pelo menos até 7 de Junho e a minha querida Mãe viu reaparecer o pesadelo do cancro que já tinha conquistado duas vezes há 20 e 25 anos, detectado uma semana antes do Natal. Já foi operada o mês passado e as coisas parecem estar a correr bem, mas está bastante debilitada em termos físicos e mentais e exige cada vez mais cuidados e tempo.
Quando lhe foi diagnosticada a demência, a psiquiatra dela disse que no espaço de ano e meio iria perder todas as faculdades, passaram quase 5 anos e ela continua a ser a minha mãe. Enquanto ela estiver cá, presente em corpo e... mente, tudo farei para não a meter num "caixote" longe da vista por muito que isso exija e custe. Não conseguiria viver com a minha consciência se assim não fosse, sempre que necessitei os meus pais estiveram lá, agora é a minha vez de retribuir.
Daqui a minha ausência maior até há uns dias e não poder garantir uma maior frequência aqui no Portal.
Pronto, desabafo e esclarecimento feitos. Não será o melhor local para o fazer, mas aproveitei o teu post para te dar resposta e a muitos amigos daqui com essa dúvida.
Grande abraço a ti em particular e a todos em geral.
Amigo, passei por aqui e vi o teu post. Fiz login só para te dar uma palavra de ânimo.
Quero dizer que admiro muito a tua luta e dedicação aos teus Pais.
É assim que deve ser e toca-me particularmente, pois é um tema que me é particularmente sensível e sei perfeitamente como nos assola o medo e ansiedade perante o sofrimento de quem nos deu a vida, que tudo fez por nós, que nos habituou com a sua presença constante com a palavra amiga, com o sábio conselho, ou os momentos inesquecíveis. Ver quem outrora esteve na plenitude das suas capacidade e totalmente activo, a perder capacidades e tornar-se cada vez mais débil, é algo que nos faz pensar muito, reduz-nos à nossa insignificância e devasta-nos completamente.
Em Maio de 2011, já depois de ter um diagnóstico complicado, um médico disse-me que o meu Pai tinha meses de vida e a minha transformou-se para sempre num estalar de dedos. Em Fevereiro de 2012 perdi-o para sempre, apenas fisicamente, pois em espírito estará sempre comigo. Foi 1 ano terrível. Tentei fazer o máximo para garantir que nada lhe faltava e que sentia o quão querido e importante era. Ainda assim, sinto sempre que podia ter feito mais.
Como ainda não era suficiente, pouco tempo depois a minha avó passou a necessitar de um cuidado muito dedicado e diário. Não vou entrar em pormenores, mas foram mais 3 anos de sacrifício. Pô-la num lar estava fora de questão, portanto tive ser eu e a minha Mãe, basicamente, com uma pequena ajuda de ajudantes domiciliárias, a dar-lhe o conforto e dignidade que merecia. Mais uma vez, o sentimento de impotência leva-me a pensar que podia ter dado mais.
Eles não mereciam “acabar” assim… Enfim…
A saudade essa, é interminável...
Sei o que é perder pessoas tão queridas e importantes para nós e por isso desejo que tenhas a companhia dos teus Pais pelo maior tempo possível. Enquanto cuidares deles, é sinal que os mantens contigo e transmites-lhes dia após dia, através da dedicação e cuidado, todo o amor que sentes.
Muito boa sorte e muita força para ti e para os teus Pais nessa jornada de perseverança
Um forte abraço.