De resto o pessoal acho que tem uma visão um bocado irrealista de como se conquistam adeptos.
há uma clara subestimacao da dificuldade de converter números no futebol.
primeiro não se convertem adultos em Portugal. Podes converter estrangeiros. Mas não algarvios ou lisboetas.
Convertes crianças e para isso tens de ter imenso sucesso desportivo, vitórias retumbantes e jogadores marcantes.
convertes contra a família e contra o grupo de amigos.
Ao mesmo tempo que combates a conversão de outros no teu feudo.
é um processo geracional. A primeira geração que o FC Porto do Pinto da Costa marcou para conversão foi a minha. Tinha 9 anos em 87.
pai sportinguista. Lisboeta. A viver em Macau.
Não tem nada de massivo. É orgânico. 1 a 1.
agora tenho dois filhos. Portistas. Etc etc etc
quando leio que devíamos ser hordas de portistas em Lisboa suspiro pela falta de noção que as pessoas têm
agora internacionalmente podíamos ter feito melhor. Acredito que sim embora a concorrência também seja terrível
Concordo contigo no aspecto em que a escolha do clube vem numa idade em que queres lá saber o que o presidente do clube que apoias diz.A motivação principal será a influência familiar e de amigos próximos, depois a proximidade geográfica com o clube. só depois virão as vitórias.
Eu por exemplo venho de uma familia grande de oito tios e quase trinta primos do interior português em que nasci o único portista. Eu sou do Porto porque quando era miúdo vim viver para o Porto e todos os meus amigos da rua eram portistas. Fiquei portista mas eu sabia lá quem era o PdC. Curtia o equipamento, o estádio e os bigodes. Os meus pais não ligam nada a futebol (mas torcem pelo Porto por minha influências), os meus filhos não ligam nada a bola (e eu bem tentei levá-los ao estádio e fazê-los sócios quando nasceram).
Há exemplos de praticamente de tudo. A proporção clubistica na minha família devia ser 60% sporting, 40% benfica. Nunca fui muito próximo a esse lado da família (era o primo mais novo, quando nasci alguns já estavam nos vintes) mas lentamente tenho reparado que, na geração dos filhos dos primos, já começa a haver portistas. Miúdos que com 13-14 anos, começaram a chatear os pais para virem ao Dragão ver o Porto. À custa disso muitos adultos que pouco ligavam a futebol e que eram lags ou lamps não militantes, começam a simpatizar com o Porto. Primos meus lagartos que vivem em Cascais. e que vejo por acaso no Jamor no jogo contra o Braga porque os miúdos são portistas doentes. O pai de um dos meus companheiros mais assíduos de bancada era sportinguista, começou a ver jogos do Porto connosco e agora torce pelo Porto.
Há uma grande percentagem de adeptos fanáticos (que não duvido que seja a maioria) mas há uma enorme percentagem também de pessoas que apoiam os clubes de uma forma menos convicta, o pessoal do "ah , simpatizo com o Porto mas não ligo muito a futebol", "até gosto do Porto mas a merda toda à volta do futebol desiludiu-me", às vezes até pessoal que era fanático na juventude mas foi-se afastando porque se cansou de broncas. Caralho, às vezes até eu fico farto do futebol português . Foi nessa facção de adeptos pouco convictos, que não são tão poucos quanto isso, que o provincianismo do nosso presidente nos fez marcar passo.