Nestas eleições, para além de se jogar o futuro do clube, joga-se futuro pessoal de muita gente. Eu diria de dezenas de pessoas, cuja proximidade ao poder se tornou um hábito tal, que jamais conseguirão viver sem ele.
Será por isso, talvez, que Pinto da Costa tem acentuado o seu discurso numa agressividade impensável sobre alguns dos associados. Durante anos pautou a sua essência pela ironia fina, declamando quase sempre o mesmo poema de José Régio para ser tido como um homem de cultura. Foi sempre um defensor incansável do FC Porto e implacável com os rivais.
Este homem desapareceu.
Tornou-se um homem implacável com os seus. Ostais que ousam afrontar o seu poder (como éo caso de André Villas--Boas) e que colocam em causa o seu longo reinado, que o julga ter por direito eterno, numa visão absolutista do poder.
Apelida de inimigos os adversários, divide os sóciose prefere ser fiel até ao fim à claque e a Fernando Madureira, acreditando em toda a sua inocência, não deixando palavras sufi-cientes aos sócios agredidos.
Sugere que o roubo das tarjas e a forma como mudou o tom dos apitos dos árbitros, nas recentes arbitragens, são culpa do seu adversário Villas-Boas.
Pressentirá Pinto da Costaa derrota? Será esta uma estratégia de campanha alicerçada nos doutos conselhos dos seus consultores que agora o acompanham diariamente?
Não sei, apenas digo que não conhecia esta face do nosso Presidente, que tanto mudou nos últimos meses. A desilusão égeral.
Atacar sócios, a família Pedroto e toda a comunicação social em geral, porque é de Lisboa, é um sinal visível de fraqueza. Não saber quanto paga de taxa de juro de empréstimo e quais as garantias que foram dadas em troca (como por exemplo os passes de jogadores) é um sinal de absoluta despreocupação em temas tão importantes."
Nuno Encarnação