Tás a falar a sério ? Porque achas que não Têm ?
Estava a picar um pouco. No essencial, considero que os rendimentos deles são demasiado baixos, mas isso é O problema em Portugal, e já digo isto há mais de uma década. Continuam a faltar verdadeiras medidas de aumentos salariais que reformem a economia portuguesa, para que seja sustentável um verdadeiro aumento na função pública para lá das esmolas das atualizações.
Dito isto, há que compreender que muitas das carreiras no público fogem completamente à lógica do mercado e que se tornam, por isso mesmo, insustentáveis. Polícias e professores à cabeça.
O mercado funciona numa ótica de valor. O teu valor está limitado ao valor que crias. No caso dos agentes, a progressão na carreira começa na rua, nos locais mais perigosos, e acaba na secretaria, a fazer trabalho administrativo quase exclusivamente. Que é coincidentemente quando ganham mais. No caso dos professores, ainda é mais aberrante, porque começam a ter redução de componente letiva e de horário aos 50. Optaram por uma vida a aturar putos e depois queixam-se disso mesmo, como se tivessem sido forçados, como se não soubessem que era esse o trabalho. Estas duas carreiras funcionam ao contrário da cadeia de criação de valor, porque a remuneração aumenta à medida que crias menos valor.
O correto, a meu ver, seria criar um mecanismo de compensação para quem desempenha certas funções. Prémios de valor. Andas na rua, patrulhas, equipas de segurança? Prémio. Estás na receção, secretaria, direção? Nada. Nunca terás o apoio das forças para isso porque a progressão é etária e os novos agora querem progredir para essas posições do "ganha sem fazer". Da mesma forma que os docentes nunca aceitariam isso porque implicaria que, para ganhar mais, teriam de continuar pelo menos com o mesmo horário durante toda a carreira. E quem sugerir algo do género perde eleições, mas temos de parar de olhar para a função pública como o emprego estável e seguro e, ao mesmo tempo, querer que sejam melhor remunerados que os privados.
Relativamente à PJ, a ideia que tenho é que essa criação de valor mantém-se ao longo da carreira e progride com a experiência. Porventura, a compensação poderia ter outro nome que "risco", já que não é esse o conceito que os distingue, mas aceito que haja maior capacidade de valorização nessas carreiras especializadas.