Como se os brasileiros com mais de 60 anos manchassem a reputação dele. O mundo fala do recorde dos 3 Mundiais e pronto, não se escarafuncha o legado. Se perguntarmos à malta que gosta de bola como p ex quem frequenta este fórum sobre este assunto a esmagadora maioria não saberia com mínimo de pormenor o impacto dele no percurso do Brasil nessas competições.
Não entendi a referência ao CR7 em 2016, fez 3 golos e 3 assistências numa seleção das artes negras que pouco futebol produzia. E na final saiu por ter sido o alvo estratégico de pancada, não é o mesmo que agora.
"Não se escarafuncha o legado". Quem? Tu? Os comentadeiros? A malta do tasco?
Isto não se trata de escarafunchar nada, e a expressão é já de si muito mal conseguida. A história é uma e tens o direito de a conhecer ou de a ignorar.
O legado é o que ganhas e como ganhas, não é abrir uma página da internet e imprimir o segmento dos títulos conquistados.
Isso é o que separa o adepto do futebol do adepto da bola.
Mourinho venceu a Champions em 2004 (e outra em 2010). Já muitos o tinham feito antes dele e continuaram a fazer depois.
Sabes o que é que vai, em grande parte, encapsular o legado da sua carreira? Não que ganhou a Champions em 2004, mas como ganhou a Champions em 2004 e com quem a ganhou.
Maradona ganhou em 86 e ainda hoje se fala disso. Não porque era Maradona e porque foi campeão do mundo, mas a forma como foi campeão do mundo. Muitos foram campeões do mundo depois dele e hoje ainda se fala de Maradona 86 e dos outros pouco se ouve. O zé do tasco nem sabe quem ganhou o Mundial de 74, o mais provável é achar que foi a Holanda. Cruyff não precisou de ganhar esse mundial para ficar eternizado como um dos melhores de sempre.
Quando falamos deste nível, do panteão dos grandes monstros do futebol, é mais que normal que a forma como se ganha e as narrativas contem mais do que o que efetivamente se ganha.
Isto, novamente, para o adepto de futebol. Não para o adepto da bola.
Se o Cristiano ficar no banco para o resto do Mundial e Portugal for campeão do mundo, não é isso que vai fazer Cristiano subir historicamente na percepção do adepto de futebol inteligente.
A referência ao Cristiano em 2016 é simples. Venceu o EURO, e da forma que o fez, também contribui para o seu legado porque foi importante. Mas não é hiper-significativo num contexto de comparação com outros gigantes no sentido de lhe dar vantagem porque francamente não foi o melhor jogador português nessa caminhada, nem o segundo, nem o terceiro. O mesmo para o Pelé no Mundial de 62. Não é por ter o nome na conquista que lhe dá qualquer vantagem, porque o Brasil foi literalmente campeão sem ele. Quanto muito aumenta a perceção da qualidade dos intervenientes à volta de Pelé, e por conseguinte, diminui a perceção da dimensão dos outros dois Mundiais que conquistou e em que foi peça chave.